Operação Navalha - Não basta prender, tem que punir

Nos últimos anos, a Polícia Federal do Brasil tem feito um trabalho digno de elogios. Todos os dias aparece uma nova operação: Sanguessuga, Furacão, Navalha e assim por diante. Enquanto isso, o povo continua passando fome nas ruas, crianças são abandonadas e passam a cheirar cola como se fosse alimento.
Em cada uma dessas operações, o Brasil vai descobrindo o quanto de podre há nessa sociedade do lado de baixo do Equador. São políticos, empresários, juízes, delegados e tantos outros tipos que sugam o dinheiro do povo. Este, coitado, continua pagando direitinho os impostos, mas não tem escola pública, não tem saúde, não tem habitação e, muito menos, segurança.
Daqui a pouco, como sempre acontece, o governo e os seus asseclas aparecem com os mais belos discursos. "Nunca jamais nesse país se prendeu tanta gente corrupta". Muito bem, parabéns! Mas e daí. Alguém sabe por onde anda Waldomiro Diniz, Delúbio Soares, Marcos Valério, os parlamentares sanguessugas, os juízes e desembaradores que vendiam sentenças judiciais? Eles estão presos, como você vê todos os dias os ladrões pés-de-chinelo, ou um pobre coitado que é pego furtando um pedaço de carne para o filho faminto? É claro que não.
Agora, a Operação Navalha prendeu um ex-governador, prefeitos, deputados, assessores e mais um monte de gente, todos envolvidos nas mutretas de licitações e desvios de dinheiro público que deveria ser usado em obras públicas. No total, até agora, a quadrilha já desviou R$ 31 milhões.
Portanto, parabéns para a Polícia Federal, que identifica e prende essas quadrilhas do colarinho branco. Mas, isso não basta. Tem que haver sequência do processo e punição severa para esses verdadeiros bandidos que assolam o país e roubam o futuro de nossos filhos.
O Brasil e as nossas autoridades têm que aprender com a Itália, que depois de séculos convivendo com a máfia, promoveu a operação "Mãos Limpas" e acabou com a farra dos mafiosos. Mas, aqui no Brasil tem sido diferente. A farra fica por conta das prisões. Depois todos dão o famoso jeitinho brasileiro e os processos caducam nas prateleiras empoeiradas do Judiciário. Enquanto existir no Brasil essa impunidade para quem é rico, mesmo roubando, o país continuará se afundando na miséria. Não adianta o dólar despencar. O faminto lá do Nordeste só conhece centavos e nunca ouviu falar em dólar ou em Bolsa de Valor.