quinta-feira, junho 14, 2007

Frase de Marta pode deixar governo mais impotente

O posto de ministra do Turismo do Brasil, dado à sexóloga e ex-prefeita Marta Suplicy (na foto, ao lado do presidente Lula), uma mulher culta e de família tradicional de São Paulo, poderia até significar um ponto de equilíbrio para um governo acuado por tantos casos de corrupção e com um presidente, como o próprio Lula afirma, cercado de "aloprados" e agora também até de irmãos "lambaris" acusados de lobistas. Mas, ao contrário disso, a última entrevista de Marta Suplicy, quando ela aconselhou que os turistas e brasileiros deveriam "relaxar e gozar" para esquecer os transtornos dos atrasos em aeroportos, poderá deixar, isto sim, é o governo ainda mais impotente diante de uma oposição cada vez mais viril. A foto é de Roosevelt Pinheiro/Abr.
A cada ano que passa vai se confirmando a tese de que a oposição não precisa de muito esforço para criticar o governo Lula. Os seus auxiliares se encarregam de criar fatos novos e as próprias encrencas. Foi assim com o Waldomiro Diniz, com os deputados mensalistas, com deputada dançarina, com os sanguessugas, com a máfia das ambulâncias e com aqueles aloprados que prepararam o dossiê contra os tucanos. E o pior é que a cada depoimento para se defenderem, os acusados parecem mais aloprados ainda, passando de pessoas respeitáveis a simples indivíduos com amnésia profunda. "Não me lembro disso"; "Não sei se assinei isso"; "Essa assinatura não é minha"; "Não conheço essa pessoa"; e "Fui traído". É assim que, normalmente, eles se defendem de acusações graves.
O brasileiro já está até acostumado com as brincadeiras, com as metáforas futebolísticas e com as gafes de Lula. Quem não se lembra de quando ele estava no continente africano, no primeiro governo, e entusiasmado com a limpeza de uma cidade, frisou: "Nem parece que estamos na África". No dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, Lula disse: "Sou filho de uma mulher que nasceu analfabeta". "Ofereço um brinde", disse Lula, descontraído, num país árabe, onde não se tem o costume de beber. "Não tem chuva, não tem geada, não tem terremoto, não tem cara feia, não tem Congresso, não tem Judiciário - só Deus será capaz de impedir que a gente faça esse País ocupar o lugar de destaque que nunca deveria ter deixado de ocupar." , disse o presidente em Brasília.
No mesmo evento em Sãò Paulo, no lançamento do plano para o setor turístico, palco da célebre frase de Marta Suplicy, o presidente Lula presenteou os brasileiros com outras pérolas do seu vocabulário. Primeiro, aparentando estar nervoso ao lado da ministra, Lula não conseguiu segurar um copo com água que lhe foi passado pelo deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP). O copo espatifou-se no chão. Depois, ao microfone, Lula esbravejou contra a imprensa: "É só notícia ruim. No Pernambuco é só violência. No Rio é só criminalidade. Quem vai viajar com essas notícias. Até mesmo em casa, quando a mulher já levanta gritando, o marido mete um cuecão, vai dormir e não sai de casa".
Talvez, animada com esse preâmbulo feito por Lula, Marta Suplicy se recordou do tempo em que era apresentadora do "TV Mulher" na Globo, onde, como sexóloga, dava conselhos e esclarecia as dúvidas dos telespectadores sobre masturbação, orgasmo e homossexualismo. Ao ser indagada sobre os problemas dos atrasos de vôos, a ministra não teve dúvida e soltou a lingua: "Relaxa e goza porque você esquece todos os transtornos depois". Percebendo a besteira que havia dito, Marta tentou consertar e piorou ainda mais: "Isso é igual a parto. Depois esquece tudo".

Pela culatra
Mas, ao que parece, agora quem vai precisar de se relaxar, e muito, é a própria ministra. Mesmo com o pedido de desculpas pela frase infeliz e até com apoio de alguns deputados petistas, o conselho de Marta não agradou aos congressistas da oposição e à maioria da população brasileira. O tiro poderá sair pela culatra. Logo após a entrevista da ministra, um passageiro irritado de São Paulo sugeriu que ela parasse de andar em aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) e fosse encarar as filas nos aeroportos.
Hoje, na tribuna do Congresso, o senador Jefferson Peres (PDT-AM) pediu que a ministra Marta Suplicy se demita do cargo. Para ele, a sugestão da ministra aos passageiros de todo o país denota desprezo por parte do governo.
"Eu perguntaria à dona Marta se junto com a nota (com pedido de desculpas), ela assinou a carta de demissão", disse o senador do Amazonas. Ao terminar o discurso, Jefferson Peres afirmou: "E não vem com essa que foi frase impensada. Foi desprezo de quem sobe e desce na base (aérea), em avião da FAB e não enfrenta fila".
Já o deputado Vic Pires Franco (DEM-PA) protocolou na CPI do Apagão Aéreo da Câmara um requerimento de convocação da ministra para ela se explicar melhor. Por exemplo, se explicar para uma senhora que, há poucos dias, estava chorando no aeroporto de Cumbica, em São Paulo, porque não iria conseguir chegar a tempo de acompanhar o enterro de seu marido em Salvador. A dona Marta deveria saber que não é só turista que enfrenta fila.

1 Comentários:

Às junho 16, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Depois que acabar esse governo do Lula, o povo brasileiro poderá até seguir o primeiro conselho da Marta (relaxar), mas duvido que alguém vai ter cabeça para seguir o segundo conselho.

 

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