quarta-feira, julho 04, 2007

"Daqui não saio, daqui ninguém me tira". Será?

O tiro saiu pela culatra. A manobra que o novo presidente do Conselho de Ética do Senado, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), tentou fazer para salvar o seu chefe Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente da Casa, acabou piorando a situação, que já era complicada, do senador alagoano. Mesmo contra a vontade da maioria dos senadores, Quintanilha, que também responde a processo por corrupção no STF, logo que assumiu o Conselho, mandou de volta à Mesa do Senado, o processo que o PSOL move contra Renan por quebra de decoro parlamentar.
A esperança de Renan Calheiros e de sua tropa de choque era de que a Mesa fosse arquivar o processo. Na pior das hipóteses, eles esperavam que a Mesa mandasse o processo para o STF, o que daria mais tempo para Renan se defender e esfriaria o caso.
Porém, os componentes da Mesa, mesmo com a proposta de arquivamento feita pelo vice-presidente, Tião Viana (PT-AC) , e com a ingerência do próprio Renan, decidiram que o caso deveria voltar para o Conselho de Ética e as investigações partissem do ponto em que estavam quando o senador Sibá Machado (PT-AC) renunciou ao cargo de presidente do Conselho.

Sem apoio
A prova maior da situação crítica em que se encontra Renan Calheiros foi dada na sessão do Senado desta terça-feira, 3. Com um Renan, mesmo tentando transparecer tranquilo, porém, sem condições de esconder o constrangimento, todos os senadores da oposição pediram que ele se afastasse do cargo até terminar o processo no Conselho de Ética. Foi uma sessão surrealista, conforme definiu o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), um dos dissidentes do partido, favorável ao afastamento de Renan Calheiros.
O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), foi o primeiro a discursar. "A posição do PSDB é sugerir à vossa excelência, olhando nos seus olhos, que se afaste da presidência do Congresso Nacional até a conclusão definitiva das investigações." O DEM (ex-PFL) já havia tomado essa mesma decisão. Outros senadores discursaram nessa mesma linha. Até mesmo senadores do PMDB, como Pedro Simon, um dos políticos mais respeitáveis do partido, pediram para que Renan deixasse o cargo para o seu próprio bem e para o bem do Senado. "Eu, se fosse vossa excelência já teria saído", aconselhou Simon. "Entendo que é melhor para o Senado que esse processo seja feito com outra pessoa no seu lugar, provisoriamente", disse o presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE).
Sérgio Guerra (PSDB-PE) disse que o Senado caminha para clima de desordem diante de "manobras" articuladas por aliados de Renan Calheiros. "Não concordo com esse tipo de interferência. O presidente Renan terá condições de presidir o Senado se recuperar a capacidade das coisas funcionarem. Do jeito que está, não dá. Daqui a pouco vai haver desrespeito entre os colegas e vamos caminhar para um clima de desordem."
Renan ouviu calado todos os discursos e, no final, reiterou a sua posição de não deixar a presidência da Casa. "Com serenidade e reflexão, entendo que devo permanecer na presidência do Senado mesmo que isso contrarie apetites políticos de ocasião."
Renan é acusado de usar o lobista Cláudio Gontijo, da Mendes Júnior, para pagar aluguel e pensão à jornalista Mônica Veloso com quem tem uma filha fora do casamento. Mas, o Conselho investiga também documentos apresentados pelo próprio Renan sobre venda de gado de suas fazendas em Alagoas, para "comprovar" que possuía recursos próprios. Há suspeita, porém, de que esses documentos não correspondem à realidade. Até quando Renan Calheiros resistirá à falta de apoio político e a pressão popular?

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