Rio 2007: medalhas, vaias e trégua da violência

Os Jogos Pan-Americanos de 2007, realizados no Rio de Janeiro, vão ficar na história do Brasil por vários fatores. O primeiro deles, sem dúvida, é o recorde de medalhas de ouro conseguido pelos atletas brasileiros, que se superam a cada ano. Mas, também o Rio 2007 será lembrado pelas vaias aos incopetentes políticos brasileiros, pela cortesia e organização do povo carioca e pela trégua do crime organizado. Durante os 18 dias de competição a criminalidade deu uma pausa para a alegria e o Rio de Janeiro voltou a ser uma "Cidade Maravilhosa".
Mas, antes de falarmos do que ocorreu fora do esporte, temos o dever de destacar o desempenho dos nossos atletas. Foi a melhor colocação em todos os Pan-Americanos. Conquistamos 54 medalhas de ouro, apenas cinco medalhas atrás de Cuba, o segundo colocado. A liderança, mais uma vez, ficou com os Estados Unidos. Foram 18 dias de muita alegria nas quadras, nos campos, nas piscinas, nas pistas e no mar. Parabéns aos atletas brasileiros. Esses nossos heróis demonstraram que com um pouquinho mais de apoio dos governos, o país, que já mostrou ser uma potência do esporte nas Américas, poderá brilhar também nos Jogos Olímpicos.

Vaias pra todo mundo

Por outro lado, os Jogos do Rio 2007 mostraram também que o povo brasileiro não é bobo. Ele sabe que tem muita coisa errada neste país, a começar pela corrupção na administração pública e, por isso mesmo, aproveitou a oportunidade para vaiar todos aqueles que têm a reponsabilidade, não somente de cobrar impostos, mas, sobretudo, de administrar com seriedade este país lindo e rico por natureza.

As vaias no Pan do Rio começaram logo na abertura e o alvo principal foi o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na foto, entre o prefeito Cesar Maia e o governador Sérgio Cabral. Foi uma vaia estrondosa e o presidente não teve a competência de um estadista para abrir oficialmente os Jogos do Pan. Ao contrário, foi um fiasco mostrado para milhões de pessoas no Brasil e no mundo. E foi a primeira vez na história, que os Jogos Pan-Americanos não foram abertos pelo presidente do país sede. Os governistas e os asseclas do presidente tentaram minimizar o constrangimento, afirmando que tudo não passou de uma orquestração do prefeito do Rio, César Maia (DEM).

Mais um vexame do Governo Lula, que não admite nem as vaias. Não tinha nenhuma orquestração. No encerramento, como na abertura, todos os políticos foram vaiados, como o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), aliado de Lula, e o próprio César Maia. Lula fugiu do encerramento, mas, mesmo assim, quando o seu nome foi mencionado pelo presidente da Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana), Mario Vasquez Raña, o povo novamente o "homenageou" com uma sonora vaia.

Chegou a hora do governo petista entender que, se 60 milhões de brasileiros votaram em Lula, outros 70 milhões votaram em outros candidatos, ou simplesmente, deixaram de votar. Desses 60 milhões, a maioria sobrevive na miséria ou com o Bolsa Família. Os brasileiros estão percebendo que não adianta dar esmola para melhorar o país. O povo quer segurança, quer saúde, educação, emprego e melhores salários.

O Lula foi vaiado por 90 mil pessoas no Maracanã, fugiu da viagem ao Sul do país, depois do acidente com o Airbus da TAN, mas acabou sendo vaiado também no Nordeste. Chega de tanta hipocrisia, roubo e corrupção. Quem sabe que essas vaias não sejam o início de um processo para o Brasil voltar a crescer e o seu povo ter novamente motivos para ser feliz.

Para finalizar, os Jogos do Rio 2007, que tiveram obras a custo de ouro, fato que deverá gerar até uma CPI no Congresso, deixaram também um desafiou para os governantes. Durante a competição, a segurança foi impecável, os índices de violência caíram, muitos assassinatos foram evitados. Mas, será que essa paz foi somente durante os jogos? O Governo Federal vai manter suas tropas no Rio? Afinal, o povo carioca merece segurança e paz durante todo o tempo e não apenas durante uma competição internacional.