Pois é, como todos sabem, ou deveriam saber, com drogas não se brinca, pois, elas destroem os viciados, acabam com a família e a sociedade e também podem significar o fim da linha para os traficantes. Principalmente, para os traficantes internacionais. Isto porque em muitos países, o criminoso paga com a própria vida.
Apesar dos pedidos de clemência do governo do Brasil e de algumas ONGs, neste final de semana será executado o primeiro brasileiro condenado por tráfico de drogas no exterior. Trata-se de Marco Archer Cardoso Moreira que, em 2003, tentou entrar com 13 quilos de cocaína na Indonésia e se deu mal. Foi preso, condenado e durante todo esse tempo aguarda a execução no corredor da morte naquele país asiático.
Não vou entrar no mérito se a Indonésia está errada em ter a pena de morte e nem se o Brasil ou outros países são mais corretos por apenas prenderem, até com certas regalias, quem pratica esse tipo de crime hediondo destruindo pessoas e famílias. Por filosofia cristã, pessoalmente, não sou a favor da pena de morte, porém, isso não me tira a indignação ao saber que milhares de brasileiros são condenados à morte todos os dias pelos traficantes e pela impunidade que temos no Brasil.
Cracolândias são também corredores da morte
Para constatarmos isso, basta olharmos para os zumbis que compõem as centenas de cracolândias do país, como em São Paulo, onde pessoas sujas, maltrapilhas e sem nenhuma esperança mais de vida, vivem perambulando atrás de mais um pouquinho de droga para satisfazer o seu organismo já viciado e destruído.
Essa podridão e essa destruição do ser humano, que poderiam ser evitadas, caso nossas autoridades tivessem um pouquinho mais de vontade política e de interesse pela vida dessas pessoas, nos deixam ainda mais indignados, ao vermos que as cracolândias se transformam em meras discussões político/partidárias. Com cada um apresentando soluções mágicas, porém, sem nenhuma eficácia para esses pobres brasileiros que continuam morrendo nesses verdadeiros corredores da morte a céu aberto.
Mesmo assim, não defendo a pena de morte para nenhum tipo de criminoso, mas, acho que todos devem ser retirados do convívio social, condenados e que paguem suas penas, por exemplo, em prisão perpétua, no caso de tráfico de drogas. Pois, detido e trabalhando o resto da vida, inclusive, para o seu próprio sustento e da sua família, o traficante, aí sim, teria uma pena justa para o crime cometido.
Portanto, esse brasileiro, que lamento pelo seu fim trágico, como também pelo sofrimento de seus familiares, o qual tinha certeza de continuar vivo no Brasil, apesar de destruir outras vidas, deveria saber que lá na Indonésia a tolerância é zero para traficantes de drogas. Agora, parece tarde demais. Quem sabe o triste exemplo e a execução deste rapaz, possam servir de lição para outros brasileiros que estejam nesse mesmo caminho. Infelizmente, parece que essa lição não servirá para outro brasileiro, preso e condenado pelo mesmo crime na Indonésia. Trata-se de Rodrigo Muxfeldt Gularte que também aguarda a sentença no corredor da morte.
Marco Archer seria executado no sábado, 17, (sexta-feira no Brasil), mas, segundo as últimas informações, o governo indonésio remarcou a execução para domingo, dia 18, (sábado, no Brasil). "As autoridades daquele país estão preparando um pelotão de fuzilamento para executar Marco Archer e mais cinco traficantes estrangeiros", informou, hoje, a presidente de ONG internacional.
Em comunicado oficial, o presidente indonésio Joko Widodo disse que apoia a pena de morte para os traficantes de droga e negou clemência para os prisioneiros. Ele considera que os traficantes destroem "o futuro da nação". Mesmo não sendo a favor da pena de morte, concordo plenamente com Joko Widodo, quanto à sua última afirmação.
Em Dubai também morre
E não é somente a Indonésia que pune com a morte os traficantes de drogas. Outros países, principalmente, os árabes também têm a pena de morte para traficantes.
Outro dia, assistindo a um programa sobre o funcionamento do Aeroporto de Dubai, nos Emirados Árabes, fiquei impressionado com o rigor deles nas revistas de todas as malas e embalagens e da lei dura contra o tráfico. Esse aeroporto é o maior do mundo, tem 90 mil funcionários e funciona ininterruptamente 24 horas.
E dois casos me chamara à atenção, sobretudo, se compararmos com outros países, inclusive, o Brasil. Um foi sobre o tráfico de animais. Dez pessoas estrangeiras, tentando enganar a fiscalização, se deram mal, ao entrarem no país com várias malas contendo diversos tipos de cobras grandes. Em outras malas do mesmo grupo, as autoridades depararam com macaquinhos em situação precária de viagem. E o pior: os macaquinhos eram transportados como alimento para as cobras. Todos foram presos e iriam responder pelo crime de acordo com as leis de proteção de animais da Indonésia, que é também muito severa.
No caso do traficante, era um ucraniano que portava uma mala cheia de cocaína e que também tentou enganar a polícia do aeroporto, primeiro dificultando a entrega do passaporte. Depois disse que estava apenas de passagem no país e que seguiria viagem para a Rússia. Não adiantou, ele foi preso e, com certeza, foi outro estrangeiro enviado para o corredor da morte. "Isso a gente não tolera aqui. O que esse infeliz tem que deixar o seu país para trazer drogas para o meu país e para as nossas crianças", disse, indignado, o chefe da Polícia do aeroporto de Dubai.
Portanto, lamento muito pela execução desse brasileiro na Indonésia. Se eu pudesse, quem sabe poderia até lutar para ele ficar preso o resto da vida no Brasil, trabalhando em prol dos viciados brasileiros. Mas, não podendo, prefiro continuar me indignando com a situação degradante e miserável de tantas crianças, jovens e adultos brasileiros que continuam morrendo devido à ação de outros traficantes e à omissão de nossas autoridades.
Quem sabe que a execução de Marco Archer não possa ser uma luz no fim do túnel e um marco em nossas leis contra o tráfico de drogas. Vamos aguardar, pois, afinal, a esperança é a última que morre. Pelo menos para quem não é traficante ou viciado.
Atualizado neste sábado, 17, às 11h15
Como dissemos na matéria, a execução do brasileiro será nas primeiras horas deste domingo, 18 (horário da Indonésia), o que corresponde ao final da tarde deste sábado, 17, (horário de Brasília).
Sem dúvida, a execução de um brasileiro representa um choque para a nossa cultura penal e para a maioria dos países ocidentais, onde poucos adotam a pena de morte. Inclusive, nestes últimos momentos antes da execução, aos réus é dada a oportunidade para eles falarem com familiares ou líderes religiosos.
Mas, como ressaltamos também, esperamos que a dureza de ver um brasileiro ser executado por tráfico de drogas possa mudar a nossa branda legislação sobre esse crime que provoca a morte de milhares de pessoas no país e no mundo.
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