Na próxima terça-feira, dia 13, o técnico da seleção italiana de Futebol, Cesare Prandelli, e os jogadores da sua equipe vão se encontrar com o Papa Francisco no Vaticano, um dia antes do amistoso entre Itália e Argentina, em Roma. Só que antes desse encontro com o chefe da Igreja Católica, o técnico da Itália, que esteve no Brasil participando da Copa das Confederações, falou, estarrecido, sobre as diferenças sociais que viu no país do futebol, onde pessoas miseráveis sobrevivem de forma subumana ao lado de luxuosas arenas esportivas, construídas com milhões de dinheiro público.
Prandelli esteve no Brasil, em junho, durante as manifestações populares quando milhões de pessoas saíram as ruas para protestar contra a corrupção e por melhores serviços públicos. E o Papa Francisco esteve, em julho, durante a Jornada Mundial da Juventude, evento patrocinado pela igreja Católica. Na ocasião, o Papa também criticou as distâncias sociais. Prandelli disse estar impressionado com o que viu no Brasil. Atitude de pessoa sensata e que enxerga as diferenças e os absurdos das políticas públicas, tanto na Itália, como também em outras partes do mundo.
O jogo Itália e Argentina foi marcado para homenagear o Papa Francisco, que nasceu em Buenos Aires e é fã de futebol. As declarações de Cesare Prandelli foram feitas nesta quinta-feira.
"A Copa das Confederações no Brasil deixou em mim uma impressão forte do contraste entre os estádios novos e a miséria ao seu redor. E depois a multidão nas manifestações. Quando vão tantos jovens às ruas, é preciso escutá-los", disse o treinador, em entrevista para a "Gazzetta dello Sport".
Na opinião de Prandelli o futebol não pode ser encarado como prioridade diferentemente do investimento em educação, saúde e geração de empregos. "É impossível jogar bem em um estádio que custou 800 milhões e que está a 100 metros de uma favela com 120 mil pessoas e que 20% delas estão sem comida", afirmou o treinador italiano.
Em Salvador, antes do jogo contra o Brasil pela Copa das Confederações, Prandelli orientou os seus jogadores a não saírem do hotel, temendo atos de violência. Ele só autorizou o atacante Mario Balotelli a andar pela cidade. O jogador ajuda financeiramente uma instituição que realiza trabalhos sociais na Bahia.
"Não podemos pensar somente na América do Sul. Os contrastes estão crescendo também na Europa. Nesse ritmo, nós também viveremos blindados e teremos as nossas favelas", concluiu Cesare Prandelli.
Com certeza, se Prandelli não tivesse vindo ao Brasil, ele não teria conhecido essa realidade do nosso país. Por isso, as pessoas lá de fora, como até mesmo os engomadinhos da ONU (Organização das Nações Unidas), elogiam programas sociais do governo brasileiro, justamente, porque eles nunca conheceram de perto a realidade da pobreza que os brasileiros conhecem.
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