Para a presidente da Petrobras, Graça Foster
(foto), a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, não foi um bom negócio. A declaração de Foster foi dada nesta terça-feira, 15, em audiência pública no Senado. Na ocasião, ela defendeu a presidente Dilma Rousseff que presidia o Conselho de Administração da estatal, em 2006, quando o Conselho aprovou a compra de metade da refinaria sem conhecer duas cláusulas do contrato.
Ao comentar a afirmação do ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli que, na semana passada, classificou a compra como um bom negócio, Graça Foster foi objetiva. "Não há como reconhecer na presente data que foi um bom negócio". Durante a audiência, Foster não só admitiu ter sido um mau negócio, como também reconheceu US$ 530 milhões em perdas da estatal, uma vez que a Petrobras pagou um total US$ 1,25 bilhão por Pasadena. A presença de Graça Foster no Senado foi uma tentativa do governo de enfraquecer a oposição que insiste na criação de uma CPI exclusiva para investigar denúncias envolvendo a estatal de petróleo.
"De todas as leituras, de todas as vezes em que eu vi o ex-presidente da Petrobras, eu não ouvi o Gabrielli dizer que tenha sido um excelente negócio. O que Gabrielli reporta é que, à época, foi considerado um bom negócio", acrescentou Foster.
Dilema
Em 2006, como ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff presidia o Conselho de Administração da Petrobras, quando aprovou a compra de 50% da unidade em Pasadena por US$ 360 milhões. Posteriormente, por força de uma cláusula do contrato, a Petrobras foi obrigada a adquirir a outra metade da refinaria numa transação que custou mais de US$ 1,2 bilhão. Quando os detalhes do negócio foram divulgados, Dilma alegou que aprovou a compra com base em um relatório falho e que se conhecesse as cláusulas não teria permitido a compra.
Ainda segundo Graça Foster, a refinaria de Pasadena transformou-se em um projeto de baixa probabilidade de recuperação dos resultados. Para ela, ao contrário de 2006, hoje o Brasil tem parques de refino mais complexos e adaptados ao petróleo brasileiro.
"A Petrobras tem o seu parque de refino no Brasil e óleo mais leve que tinha naquela época. O nosso parque de refino hoje é capaz, com todo o investimento feito, de refinar, de uma forma econômica, muito mais rentável, do que àquela época. Então, a presidenta disse que não compraria, não encaminharia, o conselho disse assim, e nós, hoje, não encaminharíamos, não aprovaríamos na nossa direção do colegiado hoje a refinaria se tivéssemos todos esses dados sobre a mesa", afirmou Foster.
Mesmo considerando um mau negócio, Graça Foster salientou que a refinaria de Pasadena teve um bom resultado no primeiro trimestre deste ano. "Temos uma refinaria que opera com segurança, que nesses três meses de 2014, deu resultado positivo", concluiu.
Sobre as cláusulas do contrato, a presidente da Petrobras disse que elas só foram conhecidas em 2008, quando a empresa passou a não concordar com a Astra Oil, antiga proprietária sobre investimentos em Pasadena. Segundo Graça Foster, a Petrobras desejava fazer investimentos para processar óleo pesado na unidade, planos que não foram aceitos pela empresa belga.
Agora, enquanto a oposição aguarda uma liminar do Supremo Tribunal Federal para a instalação de uma CPI exclusiva da Petrobrás, o governo espera que com o depoimento de Graça Foster essa possibilidade fique cada vez mais distante. No STF o caso está nas mãos da ministra Rosa Weber.
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