quinta-feira, abril 27, 2006

Saia justa para Lula no STF

Depois de ter se recuperado um pouco dos duros golpes do mensalão e de tantas CPIs contra corrupção, o presidente Lula (PT), passou por uma tremenda saia justa, nesta quinta-feira, durante a posse da ministra Ellen Gracie na presidência do STF (Supremo Tribunal Federal). Sentado entre a nova presidente da Suprema Corte, Ellen Gracie, e do Procurador Geral da República, Antonio Fernando de Souza, Lula ouviu um duro discurso do presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Roberto Busato (de costas), que apontou o Governo Federal, o Congresso e a morosidade do Poder Judiciário como responsáveis pelo agravamento da crise política no país.
Busato iniciou afirmando que "a República padece da pior das crises: a crise de credibilidade, a crise de confiança", e completou: "O comportamento indecoroso de alguns agentes públicos expôs ao desgaste as instituições do Estado aprofundando o descrédito que já o fragiliza perante a sociedade". "Precisamos por fim a sensação de que este é o país da impunidade. Esta providência reclama não apenas investimentos materiais e estruturais no Judiciário, mas também, sobretudo, determinação moral dos agentes políticos em cortar na própria carne". O presidente da OAB ainda condenou as absolvições pela Câmara de deputados envolvidos no esquema do "mensalão". "A atitude do Congresso soa à população brasileira como desprezo escárnio à Justiça", afirmou. "A pergunta que ecoa da voz das ruas é uma só: Perdemos a compostura?"
Antes do discurso azedo de Roberto Busato, Lula ouviu também o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, que recentemente denunciou 40 pessoas entre parlamentares, muitos do PT, assessores e empresários, acusando-os de fazerem parte de uma quadrilha para se manter no poder. O procurador defendeu a agilidade na conclusão das investigações dos envolvidos no "mensalão". "Os acontecimentos que estamos vivenciando devem ser equacionados e solucionados rigorosamente mediante a aplicação dos mecanismos de fiscalização e controle constitucionalmente previstos". Para Souza, as punições devem ser adotadas para todos, independentemente dos cargos que ocupam. "Não há autoridade dotada de poderes ilimitados, nem imune à devida fiscalização, controle e responsabilização".

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