Impeachement continua rondando Brasília
Uma hora é na Câmara, outra hora é na OAB e quase sempre no Senado da República o assunto sobre um possível impeachment do presidente Lula sempre volta à tona. Na OAB o negócio parece ser sério e a Ordem dos Advogados, sem qualquer coloração política, diz que vai tratar do assunto, principalmente após a denúncia do Procurador Geral da República, que muito mais do que a CPI dos Correios, denunciou 40 pessoas, entre políticos, assessores e empresários, qualificando o caso "mensalão" como quadrilha. Dentre os acusados pelo Procurador Geral estão os ex-ministros de Lula, José Dirceu e Luiz Guchikem, além de todos os parlamentares que se beneficiaram do valerioduto.
Recentemente no Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), voltou a defender o impeachment, afirmando que seria impossível acontecer tudo isso no governo sem que o Lula soubesse de nada. O PPS também já tomou decisão favorável a um pedido de impeachment. Já para o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, isso "não tem racionalidade jurídica, nem fundamento ético ou político".
É certo que o presidente Lula continua tendo uma grande aceitação popular, principalmente dentre os mais pobres, justamente aqueles que precisam continuar recebendo as esmolas do governo para sobreviver. Porém, nas classes mais esclarecidas da sociedade a avaliação de seu governo continua despencando. Para constatar isso não necessária é nenhuma pesquisa. Para nós jornalistas, inclusive, basta uma conversinha com os colegas de redação para notarmos que aquele clima de otimismo que reinava antes da eleição de 2002 foi substituído por um profundo sentimento de decepção. Se a grande imprensa, ou pequenos veículos de comunicação, ainda continuam defendendo um ou outro ponto do governo federal, isso deve-se basicamente à dependência que eles têm de anúncios publicitácios e jamais por convicção de profissionais da imprensa livre deste país.
Diante desse quadro pode ser até que os petistas e o presidente Lula continuem a acreditar que o mar de lama que assola esse governo não interferirá na reeleição. Mas, queira eles admitir ou não, o fato é que não há governo neste planeta que não se incomode com esse negócio de impeachment sendo falado a todo momento, com partidos políticos dizendo que vai entrar com processo e com entidades como a OAB, afirmando que vai tomar decisão sobre o assunto. A não ser que os petistas - mesmo sonhando - viajaram para o espaço com o austronauta Marcos Pontes e ainda não acordaram para a realidade brasileira.
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