domingo, novembro 04, 2012

Novas declarações de Marcos Valério são graves e sua segurança já preocupa ministros do STF

Para muitos, não têm valor nenhum as novas declarações de Marcos Valério, o operador do mensalão e, hoje, condenado a mais de 40 anos de prisão. No entanto, esta não é a visão de alguns ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). Para esses ministros, ouvidos pela Folha de S.Paulo, se Valério faz essas declarações, inclusive, com detalhes, as memsas devem merecer atenção da Justiça, como também a segurança do condenado, uma vez que Valério afirma temer pela sua vida. Conforme o Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, os novos depoimento não terão influência no julgamento do mensalão, que está em fase final. Mas, podem resultar em novas investigações ou contribuir para outros inquéritos em curso.


Para o ministro Marco Aurélio Mello, está na hora de o operador do mensalão "desembuchar, não falar em doses homeopáticas". O ministro defendeu também que o Estado "proporcione aparato de segurança" a quem "se mostrar disposto a colaborar", disse. "Depois da porta arrombada, não adianta colocar cadeado", afirmou. "Na área da delinquência, falo de forma geral, o jogo é pesado.", enfatizou Marco Auréio Mello.


Caberá ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, analisar o caso. Valério poderia ser incluído no Sistema Nacional de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas, podendo mudar de cidade e trocar de nome.
Gurgel também poderia pedir auxílio à Polícia Federal, que passaria a monitorar o réu constantemente e analisar se o risco de vida é real. Já na prisão, ele poderia ainda ter tratamento diferenciado, como ficar em cela isolada.


Caso Daniel e Lula
Segundo o jornal "O Estado de S. Paulo", Valério prestou um depoimento a Gurgel no fim de setembro, quando teria mencionado Lula e o ex-ministro Antonio Palocci.
Reportagem da revista "Veja" desta semana afirma que Valério também teria informações sobre o envolvimento do PT com o assassinato do prefeito petista de Santo André, Celso Daniel, em 2002. Esse caso ainda corre na Justiça e cerca de sete pessoas, envolvidas ou ouvidas como testemunhas foram assassinadas.


Segundo a revista, Valério diz que o PT pediu dinheiro, em 2003, para silenciar pessoas que ameaçavam implicar no crime o ex-presidente Lula e o ministro Gilberto Carvalho, que chefiou o gabinete de Lula e hoje chefia a Secretaria-Geral da Presidência.
Os dois teriam sido extorquidos pelo empresário Ronan Maria Pinto, apontado como integrante de uma quadrilha que desviava recursos da Prefeitura de Santo André. Valério diz ter sido contatado pelo então secretário-geral do PT, Silvio Pereira, e que um banco arranjou o dinheiro. "Nessas coisas, eu não me meto", teria dito Valério a Sílvio Pereira.


Com certeza, como manda o ordenamento jurídico do Brasil, cabe ao acusador provar o que fala. Lula e Giberto Carvalho negam as acusações. Porém, a Procuradoria Geral da República deverá investigar essas novas denúncias e, se Marcos Valério estiver falando a verdade, caberá aos acusados provarem também o contrário para dementir o acusador. Sem dúvida, são acusações gravíssimas e que não poderão ficar sem investigações.


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