A entrevista do ministro Aloízio Mercadante (Educação) publicada pela Folha, nesta semana, onde ele dá a sua opinião sobre a reforma política não agradou aos líderes partidários do Congresso Nacional. Nesta quinta-feira, 11, os líderes da Câmara e do Senado reagiram à entrevista de Mercadante, onde ele diz que o eleitor vai "cobrar caro" do Congresso se uma reforma política não for feita com participação popular por meio de um plebiscito.
Para os congressista, a fala de Mercadante mostra que o ministro quer jogar para o Congresso a responsabilidade por respostas aos protestos populares, uma vez que milhões de brasileiros saíram às ruas cobrando combate à corrupção e melhorias nos serviços públicos. A proposta do plebiscito foi lançada pela presidente Dilma Rousseff (PT), que desejava seus efeitos ainda para as eleições de 2014. Mas, a proposta acabou sendo enterrada pelo Congresso, até porque o próprio TSE (Tribunal Superior Eleitoral) afirmou não ter tempo suficiente para organizar o plebiscito ainda este ano para valer em 2014.
Os congressistas defendem criar um grupo para discutir a reforma política e que a mesma seja submetida à aprovação popular por meio de referendo.
Na entrevista à Folha e ao UOL, Mercadante, que é, hoje, o principal articulador político da presidente Dilma e também cotado para assumir a Chefia da Casa Civil, afirmou que haverá uma "renovação forte" no Poder Legislativo na eleição de 2014, caso o Congresso recuse mesmo a melhorar o sistema político do país.
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Porém, a opinião do ministro recebeu severas críticas no Congresso. "Senhor Mercadante, não queira jogar a falência do governo Dilma nas costas do Congresso. Quem não investe em educação, saúde, segurança e combate à corrupção é a presidente Dilma, que tem o poder da caneta", disse o líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO).
"Veja o quanto os porta-vozes do governo são inescrupulosos. Mercadante deveria ter um conhecimento mínimo de Constituição e Regimento Interno quando induz a população a pensar que estamos impedindo a consulta popular. O plebiscito já foi feito e o povo disse nas passeatas que quer é uma saúde de qualidade, uma educação que seja compatível para nossos jovens, uma mobilidade urbana. É fazer com que os mensaleiros não fiquem apenas no julgamento e sejam cumpridas as penas", completou.
Por sua vez, o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), não fez uma avaliação direta da opinião de Mercadante, mas, afirmou que o plebiscito foi um equivoco. E anda ironizou: "Nas manifestações eu vi cartazes falando que estava vendendo até um Monza 92, mas não vi nenhum pedindo plebiscito, reforma política.". E foi apoiado pelo líder do PSB, Beto Alburqueque (RS). "Isso não estava nas placas. O PT não pode só consultar suas bases, tem que ouvir as ruas."
Já o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), tentou ser mais simpático ao governo, mas, também criticou, afirmando que o governo também será cobrado pelas ruas. "É uma declaração que ele tem direito de fazer. Além de ministro, ele é senador, portanto é uma avaliação que respeito. Mas a cobrança é natural que seja feita, é democrática, é ao Executivo também, aos executivos estaduais. Isso faz parte do processo democrático", afirmou Eduardo Alves.
O vice-presidente do Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), foi mais político e disse apenas que Mercadante "foi mal interpretado".
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