segunda-feira, outubro 13, 2014

O impacto da seca também na geração de energia elétrica

Sem água, a usina Três Marias, em Minas, pode parar a geração de energia até o final de outubro

A seca que castiga o Sudeste e o Nordeste, como a falta de água em São Paulo, está próxima de fazer também uma grande vítima no setor elétrico. A usina de Três Marias, construída no leito do rio São Francisco, em Minas Gerais, pode parar de gerar energia no fim de outubro ou início de novembro. E aí o caos não será apenas no abastecimento de água, mas, também na geração de energia no país.


Hoje, a Usina opera com apenas duas das sete turbinas. Com capacidade total de 396 megawatts/hora (MWh) e responsável por quase um terço de toda a geração de energia do São Francisco, segundo os técnicos, Três Marias tem em sua barragem apenas 4,5% do seu volume de água. Trata-se do nível mais crítico desde a inauguração, em 1962.


Conforme os últimos levantamentos realizados, a água da represa baixou tanto que hoje é possível caminhar em parte do fundo da barragem, onde o cenário é de árida desolação. Antes, os turistas se reuniam para avistar o "mar doce", como alguns chamam Três Marias, mas, não há uma gota dágua no local.


Uma lonca cerca erguida para isolar a usina ficava oculta sob as águas, mas, hoje, pode ser vista por todos. O pier flutuante que ficava na margem está encalhado na poeira, longe da costa. A longa cerca erguida para isolar a usina, antes oculta sob as águas, emergiu totalmente e agora tem fim.


Alerta

O risco de paralisação total da Usina de Três Marias foi informado num documento divulgado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, entidade que monitora toda a região influenciada pelo rio. De acordo com esse Comitê, Três Marias corre o risco de  atingir no final de outubro, ou no mais tardar, até o início de novembro, o "volume zero", ou "volume morto", como é conhecido hoje.


"A represa ainda terá água, mas numa quantidade insuficiente para gerar energia", explica Márcio Tadeu Pedrosa, coordenador do comitê responsável pelo Alto São Francisco, o trecho que corta o Estado de Minas Gerais a partir da nascente.


Segundo Márcio Tadeu, esse problema ocorre  porque hoje a barragem, que funciona como uma caixa dágua, despeja rio abaixo muito mais água do que recebe do rio acima. E, como a seca castiga o São Francisco desde a sua nascente, pouco mais de 30 metros cúbicos por segundo (m³/s) entram em Três Marias atualmente, mas na outra ponta estão sendo liberados cerca de 150 m³/s.


O documento informa também  que a Cemig, empresa que tem a concessão da usina de Três Marias até 2015, foi reduzindo a geração ao longo do ano, desligando uma turbina de cada vez, à medida que a seca restringia a água. Como a falta de energia de Três Marias sobrecarrega o sistema elétrico, isso implica que o sistema precisa ser suprido por outras usinas hidrelétricas, térmicas e eólicas.


Mas,  a produção hoje é muito pequena e precisa ser encarada com providência urgente. "A Cemig acredita que pode manter a geração com a água próxima de zero, mas deixou se ser relevante se Três Marias vai ou não gerar energia porque ela está produzindo muito pouco", diz Hermes Chipp, diretor geral do Operador Nacional do Sistema, o ONS, responsável pela gestão da energia no Brasil. "Operamos a usina pensando nos demais usuários e usinas que dependem da água rio abaixo."


O curso do rio São Francisco continua depois de Três Marias, por todo o Norte de Minas e por outros seis Estados, abastecendo a agropecuária e a população de mais de 400 municípios, bem como outras cinco hidrelétricas, incluindo as de Xingó, entre Alagoas e Sergipe, o complexo de Paulo Afonso e a usina de Sobradinho, na Bahia, essenciais ao abastecimento de energia do Brasil.


Para o ONS é importante reter um volume maior de água na barragem neste momento para que possam manter, através de outros instrumentos, o abastecimento rio abaixo nas próximas semanas. "Para o setor elétrico, o importante é monitorar a água de Três Marias para garantir que Sobradinho chegue a final de novembro com 15%", diz Chipp. Atualmente,  o reservatório da usina de Sobradinho, na Bahia, tem 27,5% de água. (Com informações da Agência Estado)


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