segunda-feira, fevereiro 16, 2015

Moradores do asfalto têm preconceito contra favelas

Pesquisa mostra que 47% dos cidadãos do asfalto não contratariam uma pessoa da favel, para trabalhar em sua casa – (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Segundo uma pesquisa pesquisa do Instituto Data Popular, a população brasileira que mora em bairros asfaltados ainda ainda é preconceituosa em relação aos moradores de favelas. Foram consultadas 3.050 pessoas em 150 cidades de todo o país entre os dias 15 e 19 de janeiro. E, conforme o levantamento, 47% dos cidadãos do asfalto nunca contratariam uma pessoa que morasse em  favela para trabalhar em sua casa.


O presidente do Data Popular, Renato Meirelles, enfatizou que o Rio de Janeiro é exceção, porque, segundo a pesquisa, um terço da mão de obra feminina das favelas é formada por empregadas domésticas. “E o Rio de Janeiro tem um fenômeno que não ocorre em outras regiões metropolitanas, que é uma presença maior de favelas nas áreas nobres da cidade”, destacou. E esse fenômeno explica a maior interação entre moradores do asfalto e de favelas no Rio de Janeiro.


E há ainda outro fato significativo, segundo Meirelles, no caso do Rio de Janeiro: “No Rio, encontramos muita gente que não disse explicitamente que morava em favela a seu patrão. É muito comum a gente encontrar casos de pessoas que dão uma enroladinha sobre o local onde realmente moram”.


A pesquisa constata a existência de preconceito, principalmente, relacionado à violência: 69% dos entrevistados  do asfalto disseram que têm medo quando passam em frente a uma favela e 51% afirmaram que as primeiras palavras que lhes vêm à mente quando ouvem falar de favela são droga e violência. “Eles têm medo de que, ao contratar um morador de favela, se tornem mais uma vítima de roubos ou assaltos, como se os moradores de favela fossem efetivamente ladrões quando, na verdade, a gente sabe que a criminalidade é a menor parte da favela”. Meireles ponderou, inclusive,  que a violência está presente hoje em dia tanto no asfalto quanto na favela.


Para o presidente do Data Popular, criou-se no Brasil um estigma relacionado à favela, de associar esse território à criminalidade. “Isso vem da origem da favela, que foi fruto da ocupação e da ausência do Estado”. E a consequência disso foi o tráfico se colocar como poder paralelo, enfatizou Meirelles, lembrando ainda que essa imagem é uma visão estereotipada formada muitas vezes por noticiários negativos vinculados às comunidades.


Meirelles informou também que há hoje uma discussão mais aprofundada sobre a realidade da favela: “Isso é bom”. Uma vez que o empreendedorismo não para de crescer nas favelas. E o que falta mesmo é uma presença maior do Estado e dos serviços públicos para facilitar o acesso dos moradores, por exemplo, à educação.


A pesquisa completa será divulgada no 2º Fórum Nova Favela Brasileira, que  será realizado no próximo dia 3 de março no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. Durante o evento, será apresentada também t a íntegra de outra pesquisa inédita, feita com 2 mil moradores de favelas do Brasil em janeiro deste ano, que mostra a visão deles em relação aos moradores do asfalto.

Acompanhe Renato Ferreira também no site da TV Mais Notícias: www.tvmaisnotícias.com.br 

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