quarta-feira, março 18, 2015

Dilma demite Cid Gomes após tumulto na Câmara dos Deputados

Dilma Rousseff demitiu o ministro Cid Gomes, assim que ele deixou a Câmara, depois que o PMDB, do presidente Eduardo Cunha, afirmar que deixaria a base governista, caso o ministro continuasse no cargo

Um dia após a presidente da República Dilma Rousseff (PT), ter dito que o governo "tem a obrigação de dialogar com humildade e ouvir a sociedade", parece que o clima azedou de vez entre o Executivo e o Legislativo, na tarde desta quarta-feira, 18, após o enfrentamento entre o ministro da Educação, Cid Gomes (PROS), que foi convocado para esclarecer suas afirmações de que há deputados achacadores no Congresso. 


Para se ter uma ideia do tumulto e de como ficou a relação entre os dois Poderes, ainda durante a sessão, o presidente da Casa, Eduardo Cunha, foi comunicado pela Casa Civil que o ministro fora demitido pela presidente Dilma Rousseff.


Falou demais


Há poucos dias, durante uma palestra na Universidade Federal do Pará, o ministro Cid Gomes afirmou que havia na Câmara dos Deputados, cerca de "400 parlamentares achacadores". Para o ministro da Educação, esses deputados "apostam na fragilidade do governo para ganhar vantagens junto ao Executivo".  


Essas afirmações de Cid Gomes funcionaram como gasolina jogada num barril de pólvora. Os deputados que há muito tempo já demonstram descontentamento com o Governo e vem dificultando as votações de projetos do Executivo, não perderam tempo em repudiar as palavras do ex-governador do Ceará. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), após chamar o ministro da Educação de "mal educado", disse que iria tomar todas as providências para convocar e interpelar Cid Gomes que, na sua opinião, desrespeitou o Congresso Nacional.


Assim, convocado para prestar esclarecimentos de suas afirmações, o ministro Cid Gomes foi hoje à Câmara, quando os deputados esperavam que ele fosse pedir desculpas. Mas, durante a sua fala preliminar, apesar de afirmar que não tinha nada contra o Parlamento, Cid Gomes voltou a afirmar que "muitos deputados procuram, sim, criar dificuldades para terem facilidades junto ao Governo".

Ele disse também que esses deputados não estavam na oposição, fato que acabou gerando um grande mal estar, sobretudo, na base governista. Antes, dirigindo-se ao presidente Eduardo Cunha, Cid Gomes disse que preferia ser chamado de "mal educado por ele, a ser acusado de corrupção". Cunha está sendo investigado pela Operação Lava Jato.


Bate-boca


Logo após a fala de Cid Gomes, Eduardo Cunha pediu que a segurança esvaziasse as galerias, onde um grupo de pessoas começou a aplaudir o ministro por ele estar enfrentando os parlamentares.


Mas, bastou o início das falas dos líderes e demais deputados para que o clima esquentasse de vez. Só o líder do PROS, partido de Cid Gomes, defendeu o ministro, afirmando que ele teria, sim, pedido desculpas aos deputados. Todos os demais, porém, tanto da oposição, como da base governista, mostraram-se indignados e afirmaram que o ministro "não tinha moral" para acusar o Parlamento.


A maioria pedia que o ministro da Educação indicasse  os nomes dos achacadores. Outros disseram que o ministro havia perdido totalmente a condição para continuar no cargo, uma vez que afirmou que os "achacadores eram da base do governo". O procurador da Câmara afirmou já havia interpelado judicialmente o ministro e que o mesmo terá que se explicar no STF (Supremo Tribunal Federal), sendo apoiado pelo presidente da Casa.


E, se o clima já estava ruim, piorou de vez, quando deputado Sérgio Zveiter (PSD-RJ), disse que não iria se dirigir ao ministro e, sim, aos seus pares que foram desrespeitados pelo ministro da Educação. E o caldo entornou quando Zveiter disse que Cid Gomes "estava ali representando a vontade do governo e fazendo papel de palhaço". Cid Gomes pediu que o deputado o respeitasse, mas, foi logo advertido por Eduardo Cunha, que disse que ele não tinha esse direito e que a palavra estava com o deputado na tribuna.


Inconformado, Cid Gomes deixou a Câmara, mesmo tendo mais de 70 parlamentares inscritos para falar. Com o clima quente e com a saída do ministro, Eduardo Cunha encerrou a sessão da Comissão Especial, dando início à ordem do dia da sessão ordinária da Câmara.


Demissão em trânsito


Com o clima pesado, os líderes do PMDB afirmaram que deixariam oficialmente a base governista, caso o ministro continuasse no cargo. E, claro, a sessão quente na Câmara estava sendo sendo acompanhado pelo Palácio do Planalto. Poucos minutos depois, antes mesmo do ministro chegar ao Palácio, o presidente da Casa interrompeu a Sessão para informar que havia recebido telefonema da Casa Civil, informando que o ministro da Educação havia acabado de ser demitido pela presidente Dilma Rousseff.


Os mais de 400 deputados presentes, com poucas exceções, aplaudiram a informação da demissão. Antes, o próprio líder do governo, José Guimarães (PT-CE), tentando acalmar o clima, disse que as coisas iriam mudar após o tumulto daquela sessão e o assunto foi encerrado.


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