Lava Jato: Renato Duque, ex-diretor da Petrobras, é preso novamente

A Polícia Federal desencadeou na manhã desta segunda-feira, 16, a décima fase da Operação Lava Jato, que investiga pagamento de propina e desvio de dinheiro  na Petrobrás, e cumpriu diversos mandados de prisões preventivas, temporárias e de também de busca e apreensão. São mandados cumpridos contra acusados nos Estados de São Paulo e Rio de  Janeiro. Nesta décima fase da Lava Jato, denominada de "Que País é Esse?", a PF prendeu novamente o ex-diretor de Engenharia e Serviços da Petrobras, Renato de Souza Duque, que já havia sido preso em janeiro, mas, voltou à liberdade beneficiado por um hábeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Além de Renato Duque, já foram presos nesta manhã o empresário Adir Assad - suspeito de manter empresas laranjas e usá-las para lavar dinheiro - e Lucélio Roberto von Lehsten Góes, filho de Mario Góes, que já está preso em Curitiba. Lucélio é apontado como operador do esquema de corrupção na estatal de petróleo.  Os outros mandados de prisão temporária são contra Sonia Mariza Branco, Dario Teixeira Alves Junior e Sueli Maria Branco. Todos são são investigados por terem supostas  ligações com empresas que teriam sido usadas no esquema de lavagem de dinheiro, como Rockstar, Legend e Power.

Os mandados que estão sendo cumpridos hoje  atendem a ordens do juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro, que preside a Operação Lava jato.  Acusados de suposta associação criminosa, uso de documento falso, corrupção passiva e corrupção ativa, além de fraude em processo licitatório e lavagem de dinheiro, todos os presos serão levados para a sede da Polícia Federal de  Curitiba. Lá, já estão detidos também outros 15 investigados, entre eles executivos das maiores empreiteiras do Brasil e o doleiro Alberto Youssef, um dos delatores do esquema de corrupção na Petrobras.

Segundo a PF, Renato Duque foi preso estaria movimentando dinheiro depositado em contas no exterior. Conforme o despacho do juiz Sérgio Moro, Duque transferiu 20 milhões de euros (cerca de R$ 68 milhões) de contas na Suíça para contas no principado de Mônaco. Já com relação  a Mário Góes, a  polícia informou que ele operava da mesma forma que Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, que usava nomes de familiares para movimentar dinheiro oriundo de propinas no esquema da Petrobras. 

“Que País é Esse?”

A Polícia Federal costuma denominar suas operações ou fases destas com nomes criativos de acordo com os locais onde as pessoas são detidas ou com frases ditas pelos acuados.A etapa anterior da Lava Jato, deflagrada em fevereiro, foi batizada de “My Way”, apelido dado a Duque. Agora, a décima fase foi denominada de "Que País é Esse?",  nome de uma música do Legião Urbana. A frase teria sido dita por Renato Duque numa conversa com o seu advogado no momento em que  foi preso pela primeira vez.

Ao ser comunicado que seria levado à prisão em novembro do ano passado, Duque  disse ao seu adgado: “que país é esse?”. A conversa foi interceptada em gravação da Polícia Federal. Depois de 19 dias na prisão, Duque solto por determinação do ministro Teori Zavascki em 3 de dezembro. Na oportunida,  Zavascki explicou que não havia risco à aplicação da lei penal com a soltura de Duque.

Segundo as investigações da PF, Renato Duque recebia propina de fornecedores da Petrobras e repassava a políticos. Em depoimento dado em acordo de delação premiada, o ex-gerente de Engenharia da Petrobras Pedro José Barusco Filho que pagava quinzenalmente R$ 50 mil provenientes de propina a Duque.

Sem apresentar resistência, nesta segunda-feira, Duque foi preso em sua casa, na Barra da Tijuca. Agora, ele é acusado suposta associação criminosa, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, uso de documento falso e fraude em licitação. Segundo ainda as investigações, Renato Duque tem ligações com José Dirceu, ex-ministro no governo Lula e que foi condenado na Ação Penal 470, o mensalão. 

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