quinta-feira, outubro 20, 2005

Caixa Dois ainda é crime

Já está ficando insuportável essa insistência do PT e do Governo Lula em tentar desqualificar todas as acusações de corrupção que desmoraliza esse Governo, afirmando que o que aconteceu de 2002 para cá, “foi apenas um problema de caixa dois, fato corriqueiro na política brasileira”. Ora, se o PT tinha convicção, aliás, como está se provando agora, que o PSDB e outros partidos de governos anteriores faziam também uso do caixa dois para campanhas eleitorais, o mais correto era ter apurado tudo logo após a posse de Lula. Ou não?
Não foi com a bandeira da ética que o Partido dos Trabalhadores chegou ao poder? Lula não cansou de dizer que em seu governo não entraria corrupto? E agora, o que é que o Brasil inteiro e o mundo estão assistindo? São três CPIs, todas investigando crimes de corrupção envolvendo o poder público, políticos e empresários; parlamentares renunciando para não serem cassados e outros que, certamente, perderão seus mandatos.
Pois bem. O que a legislação eleitoral diz é que quem faz uso de caixa dois ou de dinheiro não contabilizado, como inovou o PT, comete crime eleitoral. O próprio ministro da Justiça do Governo Lula, Thomaz Bastos, afirmou recentemente que “caixa dois é coisa de bandido”. Mas, enquanto o Ministro da Justiça faz tal afirmação, o Presidente Lula afirma que o “caixa dois é feito no Brasil sistematicamente” e o seu vice, José Alencar, afirma: “Meus santinhos de campanhas não foram declarados. Então, o meu mandato tem de ser cassado também”.
E o pior de tudo isso é que, além de tentarem minimizar questões sérias de corrupção e de uso indevido de dinheiro público, esses senhores, responsáveis pelo destino da Nação, e os governistas de um modo geral, tentam levantar questões do mesmo tipo de governos anteriores, como se isso fosse um salvo conduto para os crimes atuais. Seria a mesma coisa de um inquilino alugar uma casa nova e começar a roubar os vizinhos, afirmando que está agindo dessa maneira porque o antigo inquilino fazia também.
Já está provado, como o próprio Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, afirmou que o partido usou dinheiro não contabilizado, mas que ninguém da Executiva do partido e nem o Presidente Lula sabia de nada. Certamente, eles pensam que todo mundo acredita nessa estória. Mas, se a confissão de crime do inquilino anterior do Palácio do Planalto, mesmo que seja em outras dependências da casa, satisfaz os petistas, na última quarta-feira, 19, o ex-tesoureiro do PSDB mineiro, Cláudio Mourão, afirmou a mesma coisa. Ou seja, que os tucanos de Minas usaram caixa dois em 1998 na campanha de Eduardo Azeredo, mas que este não sabia de nada também.
Ora, seja caixa dois do PSDB, do PT, do PMDB ou de quem quer que seja, como manda a legislação vigente, esse partido e seus dirigentes têm que ser punidos. Ou então, a Justiça Eleitoral fica totalmente desmoralizada. Já ficou muito estranho o fato de o ex-deputado federal, Roberto Jefferson, ter confessado que recebeu R$ 4 milhões sem notas do PT e até a Justiça Eleitoral ou a Polícia Federal não terem tomado nenhuma providência com relação ao réu confesso que acabou tendo o seu mandato cassado na Câmara dos Deputados. Como prêmio, no entanto, além dos R$ 4 milhões que embolsou, Jefferson foi aposentado pela Câmara e receberá R$ 9 mil por mês.

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