Jobim/Lula/Mendes - Um deles está mentindo

Como não poderia ser diferente, a publicação dos detalhes de um encontro secreto entre o ex-presdiente Lula e o ministro do STF, Gilmar Mendes, pela revista Veja, neste final de semana, soou como uma bomba, capaz de abalar os alicerces do processo democrátido do país. Realizado no dia 26 de abril, no escritório do ex-ministro da Defesa de Lula e também ex-presidente do STF, Nelson Jobim, o encontro entre Lula e Mendes se transformou na principal notícia nos meios de comunicação e em todas a redes sociais da Internet, com os mais diversos comentários prós e contra às três autoridades envolvidas nesse nefasto encontro.

Segundo Gilmar Mendes, dentre outros assuntos, Lula insistiu em falar sobre o mensalão e a CPI do Cachoeira, afirmando que "teria controle da CPI", onde poderia facilitar as coisas para o ministro, lembrando de uma viagem de Mendes a Berlin, em comapahia do senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), com pagamentos feitos por Carlinhos Cachoeira. "Vou a Berlin, onde mora a minha filha, como o senhor vai a São Bernardo do Campo, presidente, e posso comprovar que paguei todas as minhas despesas", teria respondido Gilmar Mendes.

Em seguida, veio a versão de Nelson Jobim. Segundo o ex-ministro do Lula, houve, sim, uma reunião de cordialidade, mas, negou o teor da conversa, conforme Mendes declarou. "Há algum tempo, o Lula me disse que gostaria de dar um abraço em Gilmar Mendes. Não houve nenhuma conversa sobre blindagem ou adiamento de mensalão". Então, um dos dois ministros está mentindo e, com certeza, isso por sí só é o suficiente para manchar a democracia brasileira.

PGR e OAB

E nesta segunda-feira, o assunto repercutiu no Legislativo, no Judiciário e também em diversas entidades como na OAB. No Senado, a oposição, formada por PSDB, DEM,PPS e PSOL, assinou um documento, solicitando que o ex-presidente Lula seja investigado pela Procuradoria-Geral da República pelas suas investidas sobre os ministros do STF. A base do documento é o artido 344 do Código Penal, que trata do uso de ameaça contra qualquer pessoa chamada intervir em processo judicial.

Já a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), cobra explicações de Lula. Em nota, o presidente da OAB, Ophir Cavalcante, diz: “A ser confirmado o teor das conversas mantidas com um ministro titular do Supremo, configura-se de extrema gravidade, devendo o ex-presidente, cuja autoridade e prestígio lhe conferem responsabilidade pública, dar explicações para este gesto”.

Ministros mais antigos do STF, também se mostraram supresos e condenam a atitude de Lula. Celso de Mello, decano do STF, reagiu desta forma:  “Tentar interferir dessa maneira em um julgamento do STF é inaceitável e indecoroso. Rompe todos os limites da ética. Se ainda fosse presidente da República, esse comportamento seria passível de impeachment por configurar infração político-administrativa, em que um chefe de Poder tenta interferir em outro”, afirmou Celso de Mello.

Hoje, à tarde, em nota de sua assessora, o ex-presidente Lula disse estar "indignado" com a versão da Veja, a qual classificou como inverídica. Lula confirmou a visita a Nelson Jobim, onde estava também o ministro Gilmar Mendes. Contudo, Lula negou que tenha feito qualquer gesto no sentido de pressionar Mendes. Lula não fez referência à afirmação de Jobim, que disse ter sido ele quem propôs o encontro com Gilmar Mendes. Portanto, uma das três mais importantes autoridades da República do Brasil está mentindo. Resta saber se Lula, Nelson Jobim ou Gilmar Mendes.

Acompanhe Renato Ferreira também no Twitter: www.twitter.com/orenatoferreira

e também no Facebook: www.facebook.com/orenatoferreira