PT X PT - É a briga por 2014 que já começou
Os prefeitos eleitos em outubro e que tomaram posse no dia 1º de janeiro, nem bem esquentaram a cadeira, e o que se fala no meio político do país já é sobre uma nova eleição. São as eleições gerais de 2014. E é briga de gente grande. Enquanto se fala em novos partidos, como o Solidariedade do Paulinho da Força, que já conta com mais de 300 mil assinaturas, na possível saída de José Serra do ninho tucano e na quase certa candidatura de Aécio Neves (PSDB) à Presidência da República, a briga que promete mesmo lances de tirar o fôlego, já começou dentro do PT. E que poderá colocar em lados opostos a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula.
E o que divide os petistas neste momento não é apenas os nomes dos possíveis candidatos à Presidência da República e a governos de estados importantes, como São Paulo, mas é também um assunto que já vem pertubando o Partido dos Trabalhadores desde 1985 - o mensalão. E claro, essas divergências aumentaram ainda mais em 2012, com o julgamento e a condenação de 25 envolvidos, como os petistas José Dirceu, José Genoino e João Paulo. O caso gerou, inclusive, um mal estar entre Executivo e Judiciário, com parlamentares e dirigentes petistas falando horrores dos ministros que condenaram os envolvidos.
Alan Marques/Folha |
O ex-ministro e ex-governador Olívio Dutra (PT) |
Olivio Dutra contra Genoino
Com a posse na Câmara dos Deputados do condenado José Genoíno, o clima parece que esquentou de vez entre as estrelas petistas. Na segunda-feira, dia 7, num programa ao vivo na rádio Guaíba, em Porto Alegre, o histórico petista Olivio Dutra, ex-governador gaúcho e ex-ministro do Lula, criticou a posse e pediu que Genoino renunciasse ao mandato. Confrontado ao vivo com Genoino, Dutra disse: "Tenho convicções que tu tendo assumido nessas circunstâncias não foi a melhor coisa para tua própria biografia e para o sentimento partidário de um modo geral", afirmou o ex-governador gaúcho. Ao que respondeu Genoino: "Eu fui condenado à noite e no dia seguinte saí do governo, porque era um cargo de confiança. É diferente de uma eleição. Os eleitores me delegaram o mandato de suplente. O princípio da democracia diz que o poder emana do povo".
O mensalão, portanto, parece que será o divisor de águas nessas divergências petistas pelo poder em 2014. Desde 2005, quando o mensalão estourou, dois grupos petistas já tinham opiniões distintas. E, coincidentemente, são os mesmoss grupos que, agora, voltam a se divergir sobre as consequências do mensalão, fato que, sem dúvida, irá refletir na escolha de nomes para 2014.
Naquela época, quando Genoino, Delúbio Soares e José Dirceu ficaram enfraquecidos, o grupo gaúcho formado por Olivio Dutra, Tarso Genro (atual governador do RS) e mais o paulista José Eduardo Cardozo (atual ministro da Justiça), foi enfático em criticar os petistas envolvidos e falavam até em "refundação" do PT. Hoje, esse grupo, que parece estar mais próximo da presidente Dilma, pode ainda ser reforçado pelos governadores Jaques Wagner (BA) e Marcelo Deda (AL).
Já do lado mais próximo ao ex-presidente Lula, que sempre defendeu os envolvidos no mensalão, estão, além dos próprios envolvidos, petistas como Rui Falcão (presidente nacional do PT), Ricardo Berzoini, líderes do PT no Congresso e Franklin Martins, para falar de nomes mais influentes. Essa divisão já dá um norte de como poderá ser a disputa interna até 2014.
Muitos acreditam que a presidente Dilma não entregará de bandeja a candidatura em 2014. Lula já disse que não interfirirá, porém, na primeira entrevista que deu, após ser liberado pelos médicos, em 2012, ele disse ao apresentador Ratinho no SBT: "Só serei candidato se perceber o perigo de um tucano chegar à Presidência da República". Não precisa de um recado mais claro que este sobre as intenções do Lula.
Por outro lado, além de não ter se envolvido no caso dos petistas envolvidos no mensalão, logo que tomou posse, Dilma já quis também demarcar o seu espaço, inclusive, com uma surpreeendente aproximação com os tucanos Geraldo Alckmin e FHC, chegando a manter encontros no Palácio dos Bandeirantes, para os quais Lula foi convidado e não participou.
Já houve comentáris também de que Lula poderá ser candidato ao governo de São Paulo, tese defendida por uma ala petista. Mas, tudo indica que, agora, com essa divisão nacional provocada mais uma vez pelo mensalão, tudo indica que o Lula poderá mesmo é ser o candidato à Presidência e não correr o risco de derrota numa instância inferior.
Portanto, muita água ainda vai rolar por debaixo desta ponte interna do PT. E o partido já não é mais uma legenda média de oposição, quanto todos saiam feridos, mas, superavam as crises internas. Hoje, até mesmo nas Prefeituras petistas já se pode notar as divergências entre esses grupos prós e contra os condenados no mensalão.
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