quarta-feira, novembro 27, 2013

Caso Alston: provas concretas ou dossiês falsos?

O caso Alston, que fala de propinas recebidas por políticos paulistas da empresa alemã Siemens e de outras empresas da Europa, está tomando outro rumo e, segundo a oposição, os documentos foram fraudados com a intenção de ligar o caso diretamente a políticos do PSDB. E, agora, a acusação de manipulação da notícia envolve também o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (PT), que teria recebido os documentos (dossiê) e entregue os mesmos diretamente à Polícia Federal e não à Procuradoria-Geral da República para iniciar as investigações.
O documento que gerou toda essa confusão e também acusação de ambos os lados é uma carta anônima, em inglês, de junho de 2008, e sua tradução para o português. O documento é endereçado à direção da Siemens, na Alemanha, e denuncia práticas ilegais da empresa no Brasil. Essas irregularidades seriam propinas pagas pela empresa a políticos nos processos de concorrência em obras do Metrô e da CPTM (Empresa Paulista de Trens Metropolitanos).
Só que vários trechos traduzidos não batem com o original. Por exemplo, na abertura, lê-se em inglês, que "autoridades brasileiras estão investigando o envolvimento de pagamento de propina a funcionários de governo". Na tradução para o português, o mesmo trecho diz "durante muitos anos, a Siemens vem subornando políticos, na sua maioria do PSDB e diretores da CPTM, metrô de São Paulo e metrô de Brasília."

Confusão


Um dos principais envolvidos na fraude do documento é o deputado estadual licenciado Simão Pedro (PT-SP), atual secretário de Serviços da prefeitura de São Paulo. Simão Pedro assume que repassou o material ao ministro da justiça, porém, nega que tenha feito a tradução, conforme acusa a oposição.


Por sua vez, o ministro José Eduardo Cardozo confirmou que no começo de maio, Simão Pedro foi até a sua casa, em São Paulo, e entregou a carta de 2008, com a tradução, e uma outra de 2013. Na segunda carta, está escrito novamente que existiu um forte esquema de corrupção no estado de São Paulo, durante os governos Covas, Alckmin e Serra.


Conforme matéria  do jornal Estado de São Paulo, a carta de abril deste ano é de autoria do ex-executivo da Siemens Ewerton Reinhemer. As duas cartas fazem faz parte do inquérito aberto pela Polícia Federal.


Em nota, publicada nesta semana, Ewerton Reinhemer disse que a carta é anônima e que a investigação corre em sigilo. A advogada de Reinhemer alegou que não pode negar ou confirmar que ele seja o autor desta carta, mas, conforme cinco fontes de órgãos públicos diferentes, o autor da carta é mesmo o ex-diretor da Simens.


Antes de estourar a possível fraude na carta, o fato veio a público como sendo uma investigação iniciada a pedido do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), órgão presidido por Vinícius de Carvalho, que é sobrinho do ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência). No entanto, o CADE negou o fato.



Política


E como não poderia deixar de ser, o caso toma contornos políticos neste ano pré-eleitoral. Para a oposição, políticos do PT estão tentando de forma ilegal envolver seus adversários políticos. “Na nossa avaliação, da forma açodada com que agiu o ministro da Justiça e a sua omissão em determinados momentos desse episódio tiram dele, na nossa avaliação, as condições de conduzir essas investigações”, afirmou o senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato à Presidência da República.

Já o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, rebateu: "O ministro da Justiça tem o dever de solicitar a investigação, a análise da procedência para que a polícia delibere o que fazer com o material. O ministro da Justiça que não o fizer, a meu ver, prevarica".

Mas, parlamentares da oposição estão discutindo a possibilidade de convocar Cardozo para que ele explique no Congresso os motivos pelos quais ele entregou os documentos diretamente à Polícia Federal, subordinada à sua pasta, e não à Procuradoria-Geral da República, que tem a competência para analisar as denúncias conforme determina a Constituição Federal.


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