João Paulo foi abandonado pelo PT?
A política é mesmo ingrata. Depois de dois mandatos como deputado federal e de ocupar o cargo de presidente da Câmara dos Deputados e, até interinamente, a Presidência da República, João Paulo Cunha vive atualmente o outro lado desta moeda.
De postulante à pré-candidatura ao Governo de São Paulo, onde poderia concorrer em condições de igualdade com outros petistas, como Aloísio Mercadante e Marta Suplicy, João Paulo se vê hoje ocupado apenas em se defender das acusações nas CPMIs dos Correios e do Mensalão, onde é acusado de ter recebido propina do empresário e pseudo publicitário, Marcos Valério.
O pior para João Paulo, que corre o risco de cassação, até porque foi na onda de outros acusados e, num primeiro momento, negou que tivesse retirado dinheiro das contas de Valério, é que o deputado osasquense está sendo jogado aos leões pela cúpula petista e até pelo próprio Presidente Lula, que prefere lavar as mãos nesse caso e livrar a própria pele.
A diferença entre esses dois momentos na carreira política de João Paulo, ficou evidente em Osasco - seu reduto eleitoral - no dia 14 de outubro, quando ele esteve na cidade em companhia do ministro da Saúde, Felipe Saraiva, para inaugurar os serviços do SAMU (Seviço de Assistência Móvel de Urgência).
Se, em 2002, a reboque da onda petista que elegeu Lula, João Paulo chegou à Presidência da Câmara e, até com razão, era recebido sempre com muita festa em Osasco, desta vez foi bastante diferente. Cabisbaixo e sem paletó, João Paulo até que teve forças para discursar e elogiar o Governo Lula, mas, claramente e por questões óbvias, sem o entusiasmo de antes. A essa altura do campeonato, parece mesmo que apenas a turma de Osasco, onde o deputado conta com o amigo e prefeito Emidio de Souza, eleito com o seu apoio, ainda acredita que João Paulo possa ser absolvido no plenário da Câmara.
Enquanto isso, a alta direção petista parece que já deletou o nome de João Paulo Cunha. Quem anda sorrindo à toa com a desgraça do "companheiro" é o senador Aloísio Mercadante, que vê assim mais uma grande pedra fora de seu caminho para ser o candidato do partido ao Governo do Estado.
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