O Brasil foi pro espaço
Caros amigos. Confesso que cheguei a ficar emocionado ao assistir o lançamento daquela nave russa levando o primeiro brasileiro pro espaço. Mas, acostumei a controlar minhas emoções e, portanto, esse contentamento por ver um conterrâneo sumir no espaço desconhecido, não me tira a capacidade de analisar o outro lado desse feito. Para mim, um país que ainda convive com a fome, com a miséria e com tantas desgraças do terceiro mundo, tem muito ainda o que fazer, antes de pensar nas conquistas espaciais.
Não me preocupa a opinião do ministro Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia), o qual afirmou que os críticos da incursão brasileira no espaço padecem de visão curta. Seu argumento é de que os US$ 10 milhões, pagos pelo contribuinte para colocar o astronauta Marcos Pontes em órbita, é irrisório. Segundo o ministro, isso representa menos de 1% do orçamento anual do ministério. Os russos costumam cobrar o dobro desse valor da “passagem” de Marcos Pontes.
Ainda segundo Sérgio Rezende, o Brasil gasta por ano US$ 100 milhões no custeio de um “Programa Espacial Completo” iniciado em 1961. Acredito que poucos brasileiros sabiam disso e menos ainda sobre o tal programa espacial, que em 2003 ceifou a vida de 22 brasileiros no desastroso lançamento de um foguete na base de Alcântara, que deverá voltar a funcionar em 2007.
Segundo o que se fala, Marcos Pontes fará algumas experiências no espaço, por exemplo, vai verificar o efeito da ausência de gravidade em enzimas e proteínas. Confesso que não consigo imaginar qual será a utilidade de tais experiências para o Brasil, que repito, deveria primeiro estudar como acabar com a fome, para depois estudar a ausência de gravidade. Quanto aos US$ 10 milhões de dólares, torrados no espaço, podem ser irrisórios para o ministro Rezende, que com certeza, não conhece a dor do espaço vazio no estômago de uma criança faminta.
Contudo, tem muitos brasileiros alegres e felizes com o nosso irmãozinho lá no espaço. É o caso do alegre senador Sibá Machado (PT-AC), que chegou a comemorar o fato na tribuna do Senado. E posso imaginar como os governistas e defensores da reeleição de Lula irão abordar o tema durante a campanha eleitoral: "Precisou de um torneiro mecânico, sem estudo, chegar à presidência da República para mandar o Brasil pro espaço". Só que esta frase tem dúbio sentido e ela poderá também ser usada pela oposição, talvêz, até com mais sentido, depois do Waldomiro Diniz, do mensalão, do caixa dois, do Duda Mendonça e dos dólares em cueca.
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