segunda-feira, abril 28, 2014

Barbosa repudia comentário de Lula sobre o STF

Joaquim-Barbosa
Na tarde desta segunda-feira, 28, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, emitiu uma dura nota repudiando o comentário do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que criticou o julgamento do mensalão pelo STF.  Segundo Barbosa, a  "desqualificação" do tribunal é um "fato grave que merece o mais veemente repúdio".


Ao ser entrevistado pela Rádio e Televisão Portuguesa (RTP), em Lisboa, Lula afirmou que o julgamento do mensalão teve "80% de decisão política e  20% de decisão jurídica". Na entrevista, Lula disse também que não houve mensalão e que a "história desse caso ainda vai ser recontada".


"Lamento profundamente que um ex-presidente da República tenha escolhido um órgão da imprensa estrangeira para questionar a lisura do trabalho realizado pelos membros da mais alta Corte do país", afirmou na nota  o ministro Joaquim Barbosa. Para ele, a declaração de Lula  "emite um sinal de desesperança para o cidadão comum, já indignado com a corrupção e a impunidade, e acuado pela violência".


Segundo Barbosa, o julgamento foi conduzido de forma "absolutamente transparente" e acrescentou que "pela primeira vez na história do tribunal", todas as partes tiveram acesso simultâneo aos autos do processo, como também houve a transmissão ao vivo de todas as sessões do tribunal, justamente, para que toda a população tivesse a oportunidade de acompanhar a transparência do julgamento.


"O juízo de valor emitido pelo ex-chefe de Estado não encontra qualquer respaldo na realidade e revela pura e simplesmente sua dificuldade em compreender o extraordinário papel reservado a um Judiciário independente em uma democracia verdadeiramente digna desse nome", declarou Joaquim Barbosa.


Outros ministros
Além de Joaquim Barbosa, outros ministros e juristas, como o ministro aposetado, Ayres Britto, e o ministro Marco Aurélio Mello, também comentaram a entrevista de Lula.  Eles foram ouvidos pelo G1.  "Pode-se concordar ou não concordar com a justiça material do julgamento, não, porém, com a legitimidade dele (Lula)", disse Ayres Britto.


"É preciso relevar as declarações de Lula, que em nada contribuem para o país. É uma declaração de um integrante do PT, uma declaração que parte de um político e não de um técnico em direito", afirmou Marco Aurélio de Mello.


Leia abaixo a íntegra da nota de Joaquim Barbosa: 

Lamento profundamente que um ex-Presidente da República tenha escolhido um órgão da imprensa estrangeira para questionar a lisura do trabalho realizado pelos membros da mais alta Corte do País. A desqualificação do Supremo Tribunal Federal, pilar essencial da democracia brasileira, é um fato grave que merece o mais veemente repúdio. Essa iniciativa emite um sinal de desesperança para o cidadão comum, já indignado com a corrupção e a impunidade, e acuado pela violência. Os cidadãos brasileiros clamam por justiça.


A Ação Penal 470 foi conduzida de forma absolutamente transparente. Pela primeira vez na história do Tribunal, todas as partes de um processo criminal puderam ter acesso simultaneamente aos autos, a partir de qualquer ponto do território nacional uma vez que toda a documentação fora digitalizada e estava disponível em rede. As cerca de 60 sessões do julgamento foram públicas, com transmissão ao vivo pela TV Justiça, além de terem recebido cobertura jornalística de mais de uma centena de profissionais de veículos nacionais e estrangeiros. Os advogados dos réus acompanharam, desde o primeiro dia, todos os passos do andamento do processo e puderam requerer todas as diligências e provas indispensáveis ao exercício do direito de defesa.


Acolhida a denúncia em agosto de 2007, o Ministério Público e os réus tiveram oportunidade de indicar testemunhas. Foram indicadas, no total, cerca de 600. Acusação e defesa dispuseram de mais de quatro anos para trazer ao conhecimento do Supremo Tribunal Federal as provas que eram do seu respectivo interesse.


Além da prova testemunhal, foram feitas inúmeras perícias, muitas delas realizadas por órgãos e entidades situadas na esfera de mando e influência do Presidente da República, tais como:

- Banco Central do Brasil;
- Banco do Brasil;
- Polícia Federal;
- COAF;


Também contribuíram para o resultado do julgamento provas resultantes de trabalhos técnicos elaborados por órgãos da Câmara dos Deputados, do Tribunal de Contas da União e por Comissão Parlamentar de Inquérito Mista do Congresso Nacional.


Portanto, o juízo de valor emitido pelo ex-chefe de Estado não encontra qualquer respaldo na realidade e revela pura e simplesmente sua dificuldade em compreender o extraordinário papel reservado a um Judiciário independente em uma democracia verdadeiramente digna desse nome.


Joaquim Barbosa
Presidente do Supremo Tribunal Federal


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