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Até por volta das 18h desta terça-feira, o clima continuava tenso na região central de São Paulo |
Desde as primeiras horas da manhã desta terça-feira, 16 de setembro, o centro de São Paulo foi transformado numa verdadeira praça de guerra em função de uma reintegração de posse. Policiais feridos, centenas de pessoas detidas, carros incendiados, vandalismo e o comércio fechado na região central da maior cidade da América Latina. Tudo começou por volta das 6h, quando a tropa de choque da Polícia Militar chegou ao local para a reintegração de posse do edifício que fica na altura do número 601 da avenida São João. Sob a coordenação da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), a via foi completamente bloqueada, nos dois sentidos. E o trânsito local foi desviado pelo largo Paissandu, avenida Cásper Líbero e avenida Ipiranga.
A reintegração de posse foi decidida pela Justiça, uma vez que 200 famílias estão no imóvel há cerca de seis meses, segundo o movimento FLM (Frente de Luta por Moradia). Mas, com a chegada da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros , os sem-teto atearam fogo em objetos para montar barricadas, depredaram ônibus no Largo do Paissandu, e atacaram os PMs. Os invasores jogavam também objetos e móveis dos andares mais altos do prédio. Para conter o protesto, a Tropa de Choque respondeu com bombas de gás lacrimogêneo e o tumulto ainda continua tenso no local.
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Em protesto contra a reintegração, os sem teto enfrentaram a polícia e incendiaram carros e ônibus |
Em nota, a SSP (Secretaria de Segurança Pública), informou durante o dia, que “a juíza Maria Fernanda Belli, da 25ª Vara Cível do Foro Central, determinou a reintegração de posse do edifício de 20 andares, após pedido de seu proprietário, a Aquarius Hotel Limitada. A Justiça, então, requisitou que a Polícia Militar auxiliasse na desocupação do prédio”.
De acordo com a Polícia Militar, “a ação estava prevista para acontecer no dia 11 de junho, porém, na ocasião, foi cancelada porque não foram disponibilizados pela empresa proprietária do local — conforme previamente estabelecido — os meios necessários, caminhões e carregadores, para o transporte dos pertences dos moradores. A reintegração foi reagendada para o dia 27 de agosto. Porém, no dia, foi novamente suspensa porque os oficiais de Justiça avaliaram que a quantidade de caminhões e transportadores ainda não era suficiente”.
Ainda segundo a nota da SSP, “foram feitas reuniões entre a Polícia Militar, advogados da empresa proprietária e moradores, para acertar como seria a saída. As reuniões serviram para avaliar os riscos da operação e orientar quanto ao papel que os policiais do 7º BPM/M (Batalhão de Polícia Militar Metropolitano) exerceriam durante a ação”.
Segundo informações da Frente de Luta por Moradia (FLM), o imóvel ficou “abandonado por mais de dez anos e estava ocupado pelas famílias sem-teto há seis meses e que agora, por decisão do judiciário, o local deverá ser devolvido à especulação imobiliária, sem levar em conta o problema social. Aproximadamente 800 pessoas, crianças e idosos serão jogados na rua, sem uma solução definitiva”, afirma a nota dos moradores sem teto. Até o momento, 70 pessoas foram detidas e encaminhadas ao 3º Distrito Policias, de Campos Elísios, segundo a Secretaria de Segurança Pública.
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