sexta-feira, março 03, 2006

Carnaval e politicagem

Já não se faz carnaval como antigamente. Como o futebol, que já há muitos anos deixou de ser o esporte das multidões e de torcidas civilizadas, para se transformar em trampolim político e, consequentemente, nesse horror que se vê hoje nos estádios, o carnaval está também a cada ano abrindo espaço apenas para manifestações politiqueiras, cujo destino poderá ser o mesmo do futebol, ou seja, a morte do puro sentimento esportivo e cultural do povo. São raras as cidades onde ainda hoje o carnaval representa apenas alegria. Seja nas passarelas, nos clubes, nas ruas ou estradas, o que se vê no reinado de Momo é apenas violência. E o resultado não poderia ser outro, senão o das estatatísticas policiais: brigas, acidentes, milhares de pessoas feridas e centenas de mortes.
Os temas políticos dos sambas-enredo, as ajudas financeiras, inclusive, de países estrangeiros, as brigas políticas e o resultado deste ano, principalmente, em São Paulo e no Rio de Janeiro, servem para exemplificar esse uso político e nocivo do carnaval.
Em São Paulo, por exemplo, a escola Nenê de Vila Matilde, presidida por um tucano, resolveu "homenagear", o ex e saudoso governador Mário Covas, o prefeito José Serra e o governador Geraldo Alckmin, sendo que os dois últimos são pré-candidatos à presidência da República, cuja briga está espalhando pena no ninho tucano e fazendo com que o presidente Lula seja até agora o único candidado em campanha. Só mesmo o presidente da escola, é que poderia imaginar que essa "homenagem" num eleitoral não significa propaganda eleitoral tanto para Serra como para Alckmin.
Vereadores do PT até que tentaram, sem sucesso, impedir na Justiça que os bonecos dos dois tucanos presidenciáveis desfilassem pela passarela do Anhembi. É bom destacar, no entanto, que os vereadores petistas não teriam tido esse trabalho e nem se interessariam incomodar a Justiça se qualquer outra escola tivesse tido a idéia de também "homenagear", por exemplo, o presidente Lula. E todos viram como foi tumultuada a apuração do carnaval paulista, com a Gaviões da Fiel prometendo que não desfilará mais e os jurados recebendo até ameaças.
Enquanto isso, o carnaval do Rio, considerado o maior do mundo, teve também as suas desavenças. Com um samba-enredo inusitado - homenagem ao "libertador da América espanhola, Simón Bolívar - a escola de Vila Isabel conquistou o título depois de 18 anos na fila, deixando as rivais em pé de guerra. Um fato que ainda não ficou muito claro foi a briga do maior representante da Vila Isabel, o compositor e cantor Martinho da Vila, que se desentendeu com a direção da escola pela primeira vez não defilou pela sua Vila.
Porém, um outro fato envolvendo a Vila Isabel está bem claro. É a ajuda financeira que a escola de samba recebeu do presidente da Venezuela, Hugo Chávez. A escola recebeu U$ 450 mil, o equivalente a R$ 1 milhão da estatal Petróleos da Venezuela (PDVSA). Além dessa verba generosa para o samba da Vila Isabel, Hugo Chávez abençoou também cerca de 500 privilegiados venezuelanos, funcionários da PDVSA, que passaram o carnaval no Rio com todas as despesas pagas pelo governo de Chávez. E nem precisaria dizer que os governistas venezuelanos e simpatizantes de Chávez estão vibrando com a vitória da Vila Isabel. Nem tanto pela defesa da latinidade, mas, pelo nome e a propaganda de Hugo Chavez, que parece querer se transformar num novo tipo de Simón Bolívar, desta vez englobando o Brasil. O vice-presidente da Venezuela, José Vicente Rangel, se declarou "feliz " com o título da Vila Isabel. "A retribuição publicitária deste fato, acredito, justifica qualquer gasto", disse Rangel.
Mas, se por um lado, os chavistas estão pulando com a vitória da Vila Isabel, a oposição venezuelana não está a fim de brincadeira e nem de samba. Líderes oposicionistas daquele país, cuja pobreza não é diferente dos demais países da América do Sul, criticaram o financiamento da escola de samba e a alegoria de Bolívar, por considerarem que a representação constitui uma falta de respeito ao herói da independência. Um deputado da oposição anunciou que denunciará ao Supremo Tribunal de Justiça a PDVSA pela doação à escola de samba carioca.
Como a PDVSA, a nossa Petrobrás também patrocinou o carnaval. Entrevistado no camarote da empresa, em Salvador, e sambando muito, um engenheiro e gerente da Petrobrás, gaguejou muito para explicar qual o retorno, para o povo brasileiro, de gasto tão grande com publicidade da empresa no carnaval. Em tempo: O valor do litro de gasolina no Brasil custa 20 vezes ao preço pago pelos consumidores na Venezuela.

Acesse também: http://www.noticiasdepaz.com.br/

1 Comentários:

Às março 04, 2006 , Anonymous Anônimo disse...

... Petróleo, Politicagem e Falsos Libertadores

Além do futebol e do carnaval, o Bolívar reencarnado [no devaneio dele, Chávez] está usando o petróleo nas suas politicagens pelo mundo afora.
E tem gente embarcando nessa viagem populista disputando com ele o posto de Bolívar reencarnado, como lembrou o jornalista e historiador Heródoto Barbeiro.

Do lado de cá, Lulla [grafia sugerida por leitor do blog] se compara com JK no discurso mas o desempenho dos indicadores de crescimento econômico do Brasil o remetem para o lado do amigo Chávez.

Ambos disputarão o posto de Libertador da América.
Tantos já violaram a História do Brasil...

Além da violação da História, o orgulho nacional corre risco de violação maior acaso seja manipulado com o mesmo populismo que o falante Hugo Chávez manipula a "sua" PDVSA.

O Carnaval já passou, as CPI's serão abafadas pelo calendário eleitoral e sucumbirão quando o Brasil entrar em campo na Alemanha.

Haverá muito ouro negro e gás para passar por entre os dutos, muitas festas e comemorações, mesmo que motivos para comemorar não hajam.

Em tempo: gostaria que baixassem um decreto que obrigasse a fixação de um mapa do Brasil bem grande em cada escola.

As autoridades poderiam dar o exemplo substituindo os seus retratos - alguns HORROROSOS - pelo mapa do Brasil, a mais linda geografia do mundo.

Talvez não venha só do desconhecimento da História do Brasil a razão do espírito de inferioridade na hora de escolher as lideranças que irão nos representar. Falta um mapa bem grande.

Se você olhar bem para a História e Geografia do Brasil verá que não combinam com a pequenez de quem escolhemos para nos representar.

A índole genuína do nosso povo está relacionada com o espírito guerreiro e o sólido caráter tupi-guarani e não com o espírito macunaíma impingido pelos muitos usurpadores da História, da Geografia e da Cultura brasileiras.

Nosso índios, verdadeiros brasileiros, pagaram com a vida e não se subjugaram aos usurpadores das terras, da cultura e da rica mitologia que deu nomes à fauna, à flora, aos minerais e a todos os fatos geográficos em cada recanto do território nacional.

O verdadeiro caráter brasileiro não conhece a corrupção, a violação e muito menos se entrega ao jugo dos usurpadores.

 

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