Perigo na terra, no mar e no ar
Já faz mais de uma semana que o Brasil inteiro acompanha, estarrecido, como o resto do mundo, essa situação caótica nos aeroportos brasileiros, com milhares de pessoas paradas em filas intermináveis ou sendo obrigadas a adiar suas viagens. É possível que alguém possa até questionar o porquê estamos reclamando de filas em aeroportos, se milhares de brasileiros continuam morrendo em filas de hospitais públicos ou do INSS.
Hoje, viajar de avião não significa status social, contudo, não esquecemos desse infortúnio dos brasileiros pobres. O problema é que todos esses tipos de filas têm uma mesma causa: a falta de planejamento de nossos governantes. E, se hoje, os acidentes começam a preocupar muito mais aqueles que viajam de avião no Brasil, há muitos anos, milhares de pessoas vêm morrendo em acidentes de carro nas péssimas estradas brasileiras. Há poucos dias, houve também um acidente com um barco que se chocou com um navio no Rio de Janeiro matando seis mergulhadores. Ora, se presenciamos centenas de acidentes de carros nas estradas esburacadas e mal sinalizadas, se acontecem choques entre barcos e navios e, agora, começam a aumentar o número de acidentes com aviões, que são fatais, a gente só pode deduzir que o perigo anda solto na terra, no mar e no ar.
E essa constatação não é apenas a opinião de um leigo jornalista que acompanha os acontecimentos. O movimento dos controladores de vôos está escancarando para o Brasil e o mundo o perigo que correm todas as pessoas que hoje precisam viajar de avião no país.
E o pior é que os brasileiros não sabiam desse perigo. Foi preciso que 154 pessoas de todos os níveis sociais perdessem a vida no trágico acidente com o Boeing da Gol, quando então, estressados, os controladores de vôo iniciaram um movimento para mostrar que eles trabalham no limite das condições físicas, numa carga horária incompatível com a responsabilidade de suas funções. Segundo um estudo elaborado por especialistas, o Brasil precisaria contratar mais 700 controladores, cuja formação é demorada, para se chegar a um nível razoável de segurança em todas as rotas do território nacional.
E as autoridades brasileiras não poderão alegar desconhecimento. Em 2003, já havia um documento relatando a necessidade de se contratar mais controladores, inclusive, criticando a falta de investimentos no setor. Mas, como bom aluno do Presidente Lula (PT), o ministro da Defesa, Waldir Pires, foi logo afirmando que "não sabia de nada".
A crise começou na sexta-feira, 27, quando controladores de tráfego aéreo de Brasília decidiram iniciar uma operação-padrão e elevaram a distância entre os aviões, reduzindo para 14 o número de aeronaves vigiadas por controlador. Eles afirmam que a medida foi tomada para adequação às recomendações internacionais de segurança. Infelizmente, no Brasil é assim. Enquanto as autoridades deixam de investir em áreas estratégicas, inclusive, em setores de segurança para o cidadão, o dinheiro dos impostos continua sumindo no ralo da corrupção.
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