sexta-feira, janeiro 26, 2007

Eleição na Câmara - Acordos de deputados terão reflexos nos municípios

Você já percebeu que o Congresso Nacional é formado por duas mini cidades – Câmara dos Deputados e Senado – que, no entanto, têm um orçamento maior do que centenas de municípios brasileiros? E é justamente pela importância política e econômica dessas duas Casas Legislativas que a eleição para as suas presidências toma conta do noticiário e se torna nessa batalha, como estamos vendo agora na eleição da Câmara dos Deputados.
Por ser menor, mas tão rico quanto a Câmara, o Senado é mais discreto e as suas disputas são menos disputadas. Por outro lado, a eleição na Câmara é disputadíssima e se equivale às eleições para prefeito de importantes cidades brasileiras. E as semelhanças não param por aí. São muitos candidatos, disputas, brigas, críticas. muitos gastos com publicidade e até compra de votos e corrupção como aconteceu recentemente.
A luta para se eleger presidente da Câmara dos Deputados e, assim, poder comandar um excelente orçamento de uma “cidade” com 513 “sub-prefeitos” e milhares de “habitantes-funcionários”, não é fácil para os concorrentes. Como estamos vendo atualmente, ela divide opiniões, separa correligionários, abre cisões na base governista, como também tem o poder de até “unir” adversários.
O maior exemplo dessa disputa, que passa pelo mais diversos interesses políticos, foi a primeira decisão do PSDB de apoiar o candidato petista Arlindo Chinaglia (SP). Essa inesperada união entre tucanos e petistas na Câmara, se equivale, por exemplo, ao mesmo peso político que, se numa cidade como Osasco, na Grande São Paulo, um vereador petista indicasse o nome do filho do ex-prefeito Celso Giglio (PSDB) para comandar a Secretaria de Finanças na Administração do prefeito Emidio de Souza (PT).
Outra característica da disputa na Câmara dos Deputados é a sua influência em todo o Brasil. O seu resultado não ficará restrito aos muros de Brasília ou às portas do Congresso, mas terá reflexo direto nos Governos dos Estados e nas Prefeituras, independentemente de serem do PSDB ou do PT. As conversas e acordos dos deputados com os candidatos Aldo Rebelo (PC do B-AL), Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Gustavo Fruet (PSDB-PR) terão impactos imediatos em todas regiões.
Não é por outra razão, senão a disputa na Câmara, que muitos prefeitos ainda não promoveram a tão esperada e comentada reforma em seus secretariados municipais. A dois anos das eleições municipais de 2008, essas trocas de secretários são moedas importantes para os atuais prefeitos, que objetivam a reeleição, e assim, eles esperam a decisão de seus representantes, correligionários e adversários para, então, montarem esse tabuleiro que dará as diretrizes para 2008.
O voto para a presidência da Câmara é secreto, mas, não será difícil deduzir quem votou em quem a julgar por essas mudanças nos municípios, como, por exemplo, se as alianças continuarão existindo, se novos partidos passarão a fazer parte da situação, se haverá rompimento ou mesmo se quem rompeu voltará a se compor com as atuais administrações. Essas dúvidas serão desfeitas a partir de fevereiro. É só aguardar.

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