quinta-feira, março 08, 2007

Suas Excelências Bush e Beira-Mar




Como bem disse, nesta semana, o senador Cristóvam Buarque (PDT-DF), parece que estamos cada vez mais deixando de viver a realidade para nos ocuparmos de mundo virtual. Se analisarmos as circunstâncias que envolveram a viagem do presidente norte-americano, George W. Bush, ao Brasil, como também a recente transferência do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, vamos notar que os governantes se preocupam muito mais com o que poderá vir acontecer com o presidente Bush ou com o traficante Beira-Mar do que com a realidade de milhões de brasileiros, que continuam vivendo sem nenhuma segurança.
Jamais se viu no país um esquema de segurança tão grande como este que foi montado para guardar a integridade física do presidente George Bush. Mais de 5 mil homens, envolvendo o Exército brasileiro, policiais federais, membros das polícias civil e militar, além de integrantes do FBI (polícia secreta dos Estados Unidos), foram convocados para fazer parte deste verdadeiro aparato de guerra para receber o presidente do país mais rico, mais importante e, quem sabe também, o país mais visado do mundo. E tudo isso para que o homem fique apenas 20 horas em terras brasileiras.
Bush chegou nesta quinta-feira e parou São Paulo. Cá entre nós, uma palhaçada!
Outros presidentes americanos, como também de outros países, já estiveram no Brasil e não foi necessário tudo isso. Esses fatos nos levam a fazer duas reflexões: ou o Brasil está entre os países mais inseguros do mundo, ou Bush, por patrocinar guerras inconseqüentes, corre realmente sério risco de ser morte em qualquer lugar que for. Aqui, no Brasil, além de um almoço com o presidente Lula, quando tratará do problema do álcool combustível – não do outro – constarão também do cardápio de Bush alguns conselhos ao colega brasileiro para que ele não continue dando ouvidos ao presidente da Venezuela Hugo Chávez. Esse prato parece não agradar muito ao presidente Lula e aos petistas de um modo geral, que consideram Chavez um verdadeiro ídolo.

Beira-Mar
O outro fato que nos joga ainda para mais longe da realidade brasileira é o aparato de segurança e os milhões de reais que o Brasil gasta para transferir presos de uma cidade para outra. Desde que foi preso em 2001, o traficante Fernandinho Beira-Mar já foi transferido oito vezes de uma cidade para outra. Algumas para que ele não fugisse ou fosse resgatado de presídios sem segurança, outras, como aconteceu esta semana, simplesmente para que a sua “excelência”, o Beira-Mar, pudesse acompanhar depoimentos de testemunhas em seus processos no Rio de Janeiro.
Beira-Mar está detido juntamente com outro poucos presos, no único presídio federal de segurança máxima, construído neste governo, em Catanduvas (PR). Ele poderia ter acompanhado os depoimentos pelo sistema de videoconferência do próprio presídio, porém, Beira-Mar conseguiu no STF (Supremo Tribunal Federal), o direito de comparecer pessoalmente às sessões.
Segundo informações de especialistas, o Brasil gasta mais de um milhão de reais por mês com essas transferências. Antes de seguir para o Rio de Janeiro, Fernandinho Beira-Mar esteve também no Espírito Santo, onde todo o efetivo da Polícia Federal teve que ser acionado para fazer a segurança dos locais por onde ele passava e se hospedava. Isto, sem falar nas despesas com o avião que o transportou e com as diárias dos policiais. Tudo pago com dinheiro do povo brasileiro.
E mais: Fernandinho Beira-Mar tem o direito de acompanhar não apenas os depoimentos de defesa, mas também os de acusação. No Rio de Janeiro, ele acompanhou os depoimentos de seis testemunhas de acusação – coitadas destas pessoas – e, a pedido do traficante, os depoimentos de defesa foram adiados. Ou seja, daqui a alguns meses, nós teremos que pagar novamente a viagem e a estadia do traficante no Rio para que ele presencie os depoimentos de seus defensores.
Essa, portanto, é realidade brasileira. Enquanto gastamos milhões e milhões com a segurança de um presidente que patrocina guerras, matando milhares de inocentes, e de um traficante que leva milhares de jovens para o caminho das drogas, nossas crianças, como João Hélio, Patrícia, Ives Ota e Priscila continuam morrendo nas mãos de bandidos.

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