Ainda soa aos nossos ouvidos o depoimento do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), na CPI dos Correios, quando ele se referia ao empresário Marcos Valério como "um carequinha de Belo Horizonte". Segundo Jefferson, esse carequinha era o responsável pela arrecadação de dinheiro junto a empresas públicas e privadas para o "PT fazer caixa dois e também comprar parlamentares em votações de interesse do governo". Até então, era apenas uma denúncia e o governo tentava a todo custo desqualificar Roberto Jefferson. Só que o caso caiu nas mãos do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, que denunciou 40 pessoas entre ministros, deputados federais, assessores e empresários, classificando o caso como uma quadrilha, sob a chefia de José Dirceu. E o resultado todos conhecem: os 40 denunciados foram indiciados pelo Supremo Tribunal Federal e agora respondem a processo criminal.
Só que o episódio mensalão não ficou restrito às ações da "quadrilha" que arrecadava dinheiro apenas para beneficiar o governo Lula. As investigações prosseguiram e, nesta semana, o procurador-geral ofereceu também denúncia contra todos os acusados no mensalão tucano, que teria ocorrido em Minas, para beneficiar a reeleição do senador Eduardo Azeredo (PSDB). Mas, mesmo quando a confusão é toda dos tucanos, o PT não fica de fora. Na denúncia do procurador lá está novamente o empresário Marcos Valério e também o ministro Walfrido dos Mares Guia, que na época funcionava como o "José Dirceu" do governo de Azeredo.
Veja, portanto, que o carequinha de Belo Horizonte já vinha atuando há muito tempo, ao lado dos tucanos, e iria continuar arrecadando e ganhando muito dinheiro aliado aos novos companheiros petistas, se Roberto Jefferson não tivesse aberto o bico. E a tática de Marcos Valério agradou aos petistas. O seu negócio não era superfaturamento de obras públicas, como fazia Paulo Maluf, deixando pistas fáceis para o Ministério Público.
Como dono de empresas de publicidade, o modus operandi de Valério era trabalhar no nundo das comunicações, publicidade e propaganda para os orgãos públicos. Era "quase" um crime perfeito. Tavêz se não fosse a santa língua de Jefferson, até hoje a tropa de José Dirceu estaria por aí arrecadando e desviando dinheiro público. Marcos Valério já estava abrindo seus tentáculos para várias regiões do país e, é claro, atuando principalmente junto a governadores e prefeitos petistas.
Em Osasco, por exemplo, na Grande São Paulo, uma das agências de Valério já havia praticamente vencido a "concorrência" para fazer a publicidade da prefeitura, quando o negócio estourou em Brasília. Mas, parece que tem muitos políticos e assessors que não aprenderam com o caso mensalão. Os contratos de publicidades em administrações municipais, como se prefeitura fosse fábrica de sabonete, continuam sendo um caminho aberto para desvio de dinheiro público.
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