quinta-feira, março 13, 2014

Crise entre PT e PMDB parece não ter fim

Dilma e Michel Temer
Ao vice Michel Temer, Dilma pede ajuda para debelar a crise com o PMDB
A cada dia parece que só aumenta a crise entre o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) e os partidos da base governista, capitaneada pelo PMDB, o maior aliado do PT desde o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E, mesmo tendo se reunido com Lula, com o presidente nacional do PT, Rui Falcão e com outros membros do governo e de sua campanha, há poucos dias, em Brasília, a presidente Dilma não conseguiu brecar a crise, que já se instalou no Parlamento, sobretudo, nas votações da Câmara dos Deputados. O principal mentor desse movimento independente, já denominado de "Blocão", é o líder do PMDB na Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O Blocão conta com representantes de diversos partidos da base governista, fato que tem ajudado a aprovar requerimentos da oposição contra o governo. O PMDB reclama do tratamento recebido por parte do governo e exige mais ministérios para a legenda, além dos 6 que o PMDB já comanda.


Irregularidades na Petrobras
Presidente da petrobras
A Petrobras é presidida por Maria das Graças Foster
E uma dessas votações, que deixou a crise evidente, aconteceu na última terça-feira, 11, quando a Câmara aprovou a criação de uma comissão externa que vai acompanhar as investigações contra a Petrobras, empresa acusada de receber propinas na Holanda. O requerimento foi apresentado pela bancada do PSDB. Mesmo contando com maioria na Casa, o governo não conseguiu barrar a criação dessa comissão, que contou com votos da oposição e dos parlamentares da base descontentes com o governo. A presidente da Petrobras Maria das Graças Foster deverá ser convocada também para prestar esclarecimentos.


O requerimento foi aprovado por 216 votos a favor, 38 contrários e 11 abstenções. Com a criação da comissão, um grupo de  deputados deverá viajar à Holanda para acompanhar as investigações de denúncias de irregularidades na Petrobras. Agora, a luta é para definir os membros da comissão e saber quem vai comandá-la. Como o requerimento é da oposição e o governo votou contra, os oposicionistas reivindicam o direito de ter os postos de comandos da comissão externa.


Ministros convocados
Gilberto Carvalho
"Prestar esclarecimentos ao Congresso faz parte da Democracia", diz Gilberto Carvalho
E uma dia depois, outras votações na Casa impuseram novas derrotas ao governo. Desta vez, foram votações de requerimentos em diversas Comissões Permanentes da Casa,  na quarta-feira, dia 12, que culminaram com a convocações e convites para que ministros compareçam para esclarecer diversos tipos de denúncias. No caso de convocação, os ministros são obrigados a comparecer às Comissões.


Na Comissão de Segurança Pública, a maioria dos deputados aprovou a convocação do ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência). Carvalho foi convocado para prestar esclarecimentos sobre denúncias feitas pelo ex-secretário nacional de Justiça, Romeu Tumar Júnior e também sobre o envolvimentos da Polícia Militar do Distrito Federal num conflito com o Movimento do Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), há um mês, em Brasília. Carvalho declarou, há poucos dias, que defende o financiamento desses movimentos populares por parte do governo Federal. Enquanto isso, na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, Gilberto Carvalho foi convocado para falar sobre denúncias de irregularidades envolvendo Organizações Não Governamentais (ONGs). 


Também na quarta-feira, outras Comissões aprovaram a convocação ou convites de mais 9 ministros. Entre eles, quatro foram convocados e não podem se ausentar: Aguinaldo Ribeiro (Cidades), Jorge Hage (CGU), Manoel Dias (Trabalho), além de Gilberto Carvalho. Pelo menos outros cinco ministros foram convidados, entre os quais está o ministro da Saúde, Arthur Chioro. Ele foi convidado para explicar os detalhes dos contratos do programa Mais Médicos.


Além da oposição e dos parlamentes descontentes da base governistas, até mesmo um parlamentar do PT, votou com o Blocão nesta semana. Trata-se de Francisco Praciano (PT-AM), que votou pela aprovação da comissão externa que vai acompanhar as investigações de propinas na Petrobras. Praciano é presidente da Frente Parlamentar Contra a Corrupção e integrante da Organização Global de Parlamentares contra a Corrupção. Acusado de traidor, Praciano se defendeu: "Não se trata de traição, eu sou PT, sou governo. Entretanto, tem algumas coisas que não flexibilizo em nome da governabilidade, que são as questões éticas. Sou um PT à moda antiga, com muitos princípios do tempo da oposição. O PT é um partido que sempre defendeu o combate à corrupção", afirmou Francisco Praciano.


E, enquanto o PMDB continua pedindo mais ministérios, a presidente Dilma Rousseff parece estar firme em sua proposta de não ceder às pressões dos partidos aliados. Dilma tem se reunido com o vice-presidente Michel Temer (PMDB) e solicitado a ele posições contrárias às investidas dos líderes peemedebistas. Sobre a reforma ministerial, Dilma tem reiterado sua posição de fazê-la, de nomear novos ministros, porém, sem ceder às pressões de partidos. Em sua recente visita ao Chile,onde foi prestigiar a posse da presidente Michelle Bachelet, Dilma se mostrou tranquila e sobre a crise com o PMDB, ela disse: "O PMDB só me dá alegrias". 


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