Pelo documento, empresa admite também que perdeu mais de R$ 6 bi com a corrupção
No início da noite desta quarta-feira, 22, a Petrobras divulgou o seu balanço de 2014, que já era esperado há cinco meses. Trata-se do balanço auditado e ele aponta que empresa estatal de petróleo teve prejuízo de 21,58 bilhões de reais em 2014. O balanço de hoje contabiliza as perdas de R$ 5,3 bilhões do terceiro trimestre e de R$ R$ 26 bilhões do quatro trimestre de 2014. Em 2013, a Petrobras registrou um lucro de R$ 23 bilhões.
Esse balanço revela também que a Petrobras assume que perdeu 6,2 bilhões de reais devido as ações de corrupção de seus ex-diretores, investigados pela operação Lava Jato. São valores desviados entre 2004 a 2012, período em que, segundo a Polícia Federal, a empresa firmou 31 contratos com 27 empresas. Ainda segundo o balanço, a Petrobras alega perdas de 44,34 bilhões de reais no seus ativo, prejuízo causado pelo faturamento em alguns de seus contratos, por atrasos em obras e também devido à queda do preço do petróleo no mercado internacional. No mundo contábil, essa reavaliação é chamada de deimpairment. Os superfaturamentos e atrasos em obras aconteceram, principalmente, na refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, e no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
No total, a Petrobras confirma pelo balanço perdas de 50,8 bilhões de reais causadas pelos desvios apurados na Operação Lava Jato. Para chegar a esse resultado contábil, a Petrobras usou o porcentual de 3% de propina sobre o valor dos contratos, conforme informaram os delatores da Lava Jato: o doleiro Alberto Youssef, o ex-diretor Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef eo empreiteiro da Toyo Setal, Julio Camargo.
Investidores e o próprio governo aguardavam ansiosos a divulgação do balanço da Petrobras . Caso não ocorresse até o dia 30 de abril, isso infringiria um artigo da lei do mercado de capitais e poderia fazer com os credores solicitassem o pagamento adiantado de seus títulos. E, com o endividamento bilionário da estatal em torno de 351 bilhões, o pagamento adiantado dos títulos poderia até mesmo quebrar a empresa.
Nova estratégia
Segundo uma carta direcionada aos acionistas, o presidente da empresa Aldemir Bendine , afirma que há uma mudança de estratégia em curso na empresa: a estatal não vai mais apostar seus esforços na atividade de refino, conforme foi intensificada no governo Lula - e voltará a investir na exploração de petróleo, que é mais rentável.
"Estamos revendo nossos investimentos com o objetivo de priorizar a área de exploração e produção de petróleo e gás, nosso segmento mais rentável. Almejamos construir um plano sustentável sob a ótica do fluxo de caixa, levando em consideração os potenciais impactos na cadeia de suprimentos e, por conseguinte, na nossa curva de produção", afirmou Bendine.
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