quinta-feira, março 09, 2006

Rodízio de pizza na Câmara envergonha o Brasil

As duas sessões extraordinárias da Câmara dos Deputados, ocorridas nesta quarta-feira, 8 de março - ironicamente, no Dia Internacional da Mulher, um símbolo de luta e liberdade - deveriam ser riscadas dos anais do Congresso Nacional. Ou então serem jogadas num arquivo, apenas para servir de lição e nunca mais serem repetidas.
Nesse terrível dia do parlamento brasileiro, a Câmara absolveu dois deputados - Roberto Brant (PFL-MG) e Professor Luizinho (PT-SP), acusados de terem sacado dinheiro, por intermédio de assessores, das agências de Marcos Valério, o operador do suposto mensalão. Foi um triste espetáculo de desrespeito ao povo e à nação brasileira protagonizado por parlamentares do PT e do PFL. Espetáculo que envergonha e rebaixa o Brasil aos piores níveis de corrupção do planeta.
Os deputados Roberto Brant e Professor Luizinho elevaram para quatro o número de políticos absolvidos pela Câmara no escândalo do mensalão. Os dois - pasmem - foram aplaudidos de pé após o discurso de defesa que apresentaram no plenário. Brant escapou da cassação com 283 votos contra 156 a favor da perda de mandato. Enquanto Luizinho deixou de ser cassado com 253 votos contrários, 183 a favor, dez abstenções e três em branco.
Para configurar o acordão e o rodízio de pizza oferecido na Câmara, antes, o deputado Fernando Ferro (PT-PE) usou a tribuna para elogiar o pefelista Roberto Brant, mesmo procedimento do deputado Mussa Demis (PFL-PI), que elogiou o Professor Luizinho. Isso desmoralizou o Conselho de Ética e alguns de seus membros já afirmaram que deverão deixar o órgão que zela pelo decoro parlamentar. Realmente não tem lógica o Conselho de Ética recomendar a cassação de determinado parlamentar, em voto aberto, se no plenário, em vergonhoso e retrógado processo de votação secreta, os parlamentares se escondem no anonimato e votam contra a indicação do Conselho de Ética. Só mesmo no Brasil, que já foi chamado de país de gente não séria, é que poderiam ocorrer coisas patéticas como essas.
Em sessões anteriores, a Câmara já havia absolvido o líder do PL, Sandro Mabel (GO), acompanhando a indicação do Conselho. Já no processo contra o deputado Romeu Queiroz (PTB-MG), foi a primeira vez que o plenário foi contra a decisão do Conselho de Ética e absolveu o deputado mineiro. Outros cinco processos de cassação, contra João Paulo Cunha (PT-SP), João Magno (PT-MG), José Mentor (PT-SP), Josias Gomes (PTB-BA) e José Janene (PP-PR), ainda tramitam no Conselho de Ética.
Até agora, apenas dois protagonistas do suposto escândalo do mensalão, Roberto Jefferson (PTB-RJ) e José Dirceu (PT-SP), perderam seus mandatos. O próprio Roberto Jefferson, autor das denúncias de mensalão no Congresso, já havia "profetizado" esse resultado, quando afirmou que o Governo e o Congresso já haviam definido as cabeças que deveriam rolar.
Outros quatro acusados --Valdemar Costa Neto (PL-SP), Carlos Rodrigues (PL-RJ), Paulo Rocha (PT-PA) e José Borba (PMDB-PR)-- renunciaram para escapar da cassação. Hoje, eles devem estar arrempendidos. Na próxima quarta-feira, o circo será montado novamente na Câmara, quando os parlamentares, rindo da cara de seus eleitores, voltarão ao picadeiro para votarem mais dois processos de cassação de mandato: contra os deputados Pedro Henry (PP-MT) e Pedro Corrêa (PP-PE).

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