segunda-feira, setembro 11, 2006

Aliança ou salada de fruta?

A verticalização imposta pela Justiça Eleitoral acabou transformando a atual campanha numa verdadeira salada de fruta, conhecida também como "aliança partidária". Como no Brasil não temos nenhuma tradição de partidos fortes e muito menos fidelidade partidária, a verticalização, tem colocado muitos candidatos numa tremenda saia justa, sobretudo, aqueles que procuram driblar a legislação e fazer as mais absurdas alianças.
E essa salada de candidatos e partidos ocorre em todos os níveis da disputa, desde a eleição para presidente até a de deputados estaduais. O exemplo maior dessa desorganização vem do PSDB do Ceará, reduto do presidente nacional do partido, senador Tasso Jereissatti. Quem, por exemplo, vai entender ou dar crédito às críticas de Jereissatti ao PT e ao governo Lula, se no seu próprio estado ele apóa o candidato de Lula? É isso mesmo. O Ceará é governado pelo tucano Lúcio Alcântara (PSDB), candidato à reeleição, que apresenta o presidente Lula em seu programa de televisão, é recebido no palácio do Planalto em plena campanha e ignora Geraldo Alckmin. Por outro lado, Tasso Jereissatti apóia para o governo do Ceará o candidato do PSB, apoiado por Lula, Cid Gomes, irmão do ex-ministro de Lula e amigo de Tasso, Ciro Gomes. Resumindo: no Ceará, o candidato do PT é apoiado pelo presidente nacional do PSDB. Entendeu? Nem eu.
Mas a bagunça não pára por aí. No Acre, os irmãos Jorge e Tião Viana, petistas de corpo e alma - um governador e outro senador - não podiam nem ouvir falar em nomes de políticos ligados ao PP, o partido de Paulo Maluf, na época em que o PT se julgava o partido da ética. Hoje, PT e PP são aliados. Em Minas, o PT de Lula sempre qualificou o ex-governador Newton Cardoso (PMDB) de "ladrão e corrupto". Hoje, o Newtão apóia Lula e é o seu candidato ao Senado. Em São Paulo, a mesma coisa. PT e PMDB sempre se odiaram e esse ódio petista era descarregado no ex-governador Orestes Quércia, chamado também de "ladrão e corrupto" pelos petistas. Porém, no início da campanha, Lula e sua turma fizeram de tudo para que Quércia fosse o candidato ao Senado e em troca apoiasse a candidatura de Aloísio Mercadante. Para isso, o PT estava disposto até mesmo a sacrificar a candidatura de Eduardo Suplicy.
E se lá em cima, os candidatos fazem essa salada, imagina o que não ocorre nas campanhas para deputado federal e estadual. Estes, no entanto, muitas vezes são mais vítimas das próprias alianças de seus partidos. Há aqueles que tentam tirar proveito. Tem, por exemplo, candidato de um partido em uma cidade que consegue fazer aliança com Deus e o mundo em todo o Estado. É uma festa.
Em Osasco, na região Oeste da Grande São Paulo, dois candidatos estão estão nessa saia justa: o deputado federal, Cláudio Magrão (PPS), que sempre esteve ao lado do PT, agora tem que fazer material de campanha mostrando que o seu partido, em São Paulo, apóia José Serra. O presidente da Câmara Municipal, vereador José Barbosa Coelho, candidato a deputado federal pelo PTB é outro que não tem saída. Ele era do PTB e depois ingressou no PSDB para acompanhar o ex-prefeito Celso Giglio (PSDB), hoje, canditado a deputado federal.
Após as últimas eleições municipais, com a derrota de Giglio, Barbosa voltou ao seu antigo PTB para se aliar à administração do petista Emidio Pereira de Souza. Só que, com certeza, o vereador Barbosa não esperava que o eterno comandante do PTB paulista, o deputado Campos Machado, fosse mudar de lado. Em 2004, o PTB apoiou Emidio, inclusive, indicando o seu vice, Faisal Cury. Nestas eleições, porém, o PTB fechou aliança com o PSDB e Campos Machado faz campanha aberta para José Serra. Com esse quadro, ficou até interessante o material de campanha do vereador Barbosa, que coloca o seu nome em destaque e, em letras minúsculas, mostra as siglas da coligação de José Serra: PSDB, PFL. PTB e PPS, apenas para obedecer a verticalização.
Sorte desses candidatos é que nesta campanha a Justiça Eleitoral proibiu aqueles megas showmícios, onde a presença deles era praticamente uma exigência. Hoje, cada um faz a sua reuniãozinha lá na periferia e quase ninguém fica sabendo nem o partido do candidato e muito menos quais os candidatos que ele apóia para Governador e Presidente da República. Resta saber que resultado esta salada de partidos terá nas urnas no dia 1º de outubro.

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