sexta-feira, outubro 20, 2006

Números, corrupção e ironia dominam debate do SBT

O debate entre Lula (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB), realizado pelo SBT nesta quinta-feira, foi bastante diferente do primeiro deste segundo turno, realizado pela Band. Ao contrário daquele, onde o clima esquentou, sobretudo, pela atitude de Alckmin, que bateu forte nos temas corrupção e ética, no SBT, o clima foi mais ameno. Mas, nem por isso, deixou de ter algumas farpas e golpes fortes.
A jornalista Ana Paula Padrão, mediadora do debate, fez juz ao nome e não permitiu baixarias. Até mesmo quando um ou outro candidato tentou ultrapassar o tempo combinado, houve a intervenção da jornalista, restabelecendo um padrão de cortesia e educação.

Números e ironia
O que na verdade predominou durante quase todo o debate foi uma avalanche de números e de muita ironia por parte do presidente/candidato Lula. Apresentando-se bem mais tranqüilo, talvez pela tática de Alckmin que foi menos agressivo, Lula fez várias perguntas, ou respondeu a muitas indagações, carregando na ironia. “Não adianta fazer perguntas, porque o Alckmin não responde a nenhuma”, afirmou por diversesas vezes o petista, demonstrando um ar de sorriso. Para alguns analistas, ouvidos após o debate, essas ironias podem não tirar votos de Lula, mas também não acrescentam nada, uma vez que elas passam para o eleitor a imagem do “já ganhou”.
Lula foi também carregado de números para o debate. A cada resposta, o petista lia – e até se embaraçava – numa montanha de números, tentando mostrar as realizações de seu governo. Pode ser uma tática sem sucesso eleitoral, pois, se são números de difícil compreensão para eleitores de maior conhecimento ou escolaridade, imagine o que eles significam na cabeça de eleitores simples deste Brasil afora.

Corrupção
Geraldo Alckmin não usou a tática do debate anterior, mas mesmo assim não perdeu a oportunidade, quando a mediadora apresentou-lhe o tema corrupção. Ao comentar "os desmandos do governo Lula", o tucano cutucou mais uma vez o adversário, afirmando que o governo petista instituiu a corrupção na República. Alckmin listou uma série de casos desde o episódio Waldomiro Diniz, passando pelo bicheiro Cachoeira, mensalão e a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. No final, Alckmin citou o caso do dossiê antitucano, mas só que desta vez, ele não perguntou ao Lula: onde está o dinheiro? Alckmin preferiu afirmar que “os brasileiros querem saber e têm o direito de saber de onde vieram mais de R$ 1.700 milhão apreendidos com os petistas”.

Chumbo trocado
Em dois momentos do debate, tanto Lula como Alckmin acertaram golpes fulminantes que, se não abalaram, pelo menos, deixaram o adversário meio com cara de tonto.
Um deles ocorreu, quando Alckmin fez referência ao baixo crescimento econômico do Brasil, fato noticiado pela revista The Economist, da Inglaterra. O tucano perguntou se o Lula tinha lido esta matéria. Covardia, não!
Mas, como não nasceu ontem e aprendeu nos debates com milhares de metalúrgicos no ABC Paulista, Lula não se perturbou e, mesmo demonstrando que não conhece esta revista, desferiu um direto em Alckmin. Ele, que já havia afirmado em Manaus, que "o Alckmin vê o Brasil da Avenida Paulista", emendou: “O Alckmin é daquelas pessoas que não lê a imprensa nacional. Para ele só vale o que sai no Time”. Desta vez, foi Alckmin que deu um sorriso. Amarelo.

Mas, o contragolpe de Alckmin veio em dose dupla. Ao responder a pergunta sobre corrupção, novamente, Lula deu uma risadinha e disse: “Parece mesmo que esta eleição é de uma nota só”. Foi o bastante para ele ouvir o que não queria de Alckmin: “Não é de uma nota não Lula. É de um milhão, setecentos e cinqüenta mil notas”, referindo-se ao dossiê. E Lula acusou o golpe.
O outro direto de Alckmin ocorreu quando Lula, como fez várias vezes durante o debate, tentou comparar Alckmin a FHC, mostrando números do tempo em que Alckmin governou São Paulo. Aí levou: “O Lula governa olhando pelo retrovisor. E devo lembrar ao meu adversário que estamos disputando a eleição para a Presidência da República. Em São Paulo nós já ganhamos”. Nessa hora, o petista engoliu fundo para poder respirar novamente.
Em seguida, vieram as considerações finais, que lembraram os monólogos da propaganda gratuita. Agora é esperar para ver os próximos rounds, na Record, no dia 23, e na Globo, no dia 27. Tudo indica que o clima vai esquentar.

1 Comentários:

Às outubro 21, 2006 , Blogger Marco Aurélio disse...

Renato

Tenho ouvido muitos dizerem que o problema da corrupção só pode ser resolvido com a pena capital.Um dos grandes problemas que deixo para os que são a favor da pena de morte é resolverem é a questão dos inocentes.

Um abraço

Marco Aurélio

 

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