Aécio é o tucano preferido de Lula para 2010

Com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Presidência da República, em 2002, o que se via de norte a sul do País era uma festa só entre os petistas. E o Partido dos Trabalhadores tinha um ousado plano de poder, ou seja, ficar em Brasília durante 20 anos, sendo que o primeiro nome da lista para suceder Lula seria o do, até então, todo poderoso José Dirceu.
O que os petistas não esperavam é que o primeiro governo de Lula seria marcado, não por realizações republicanas, mas, sim, por muitos escândalos que acabaram levando à forca não somente a cabeça de José Dirceu, mas também a de outros importantes quadros do PT, como Antônio Palocci e o senador Aloísio Mercadante, dentre outros. Com a derrocada petista, apesar da reeleição de Lula, o que se vê, agora, é que o partido não conta com um norme capaz de suceder o presidente com o mesmo carisma. Fala-se no governador da Bahia, Jackes Wagner, mas, os próprios petistas acreditam que ele ainda está muito verde para tal pretensão. Marta Suplicy parece também não ser um nome de consenso.
A prova dessa falta de quadros petistas à altura de Lula, foi dada pelo próprio presidente que, durante a campanha eleitoral, tentou se afastar o quanto pôde das cores petistas, deixando claro que há hoje dois grupos distintos: os petistas e os lulistas. E, após a reeleição, Lula acentuou ainda mais esse ideal de se aproximar de outros líderes políticos, que possam ser candidatos em 2010 com chances reais de vitória.
Lula está claramente à procura de um candidato. E o presidente não esconde de ninguém que o seu preferido é o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB). Como não pegaria bem para o seu eleitorado um apoio irrestrito a um tucano, Lula está tentando abrir caminho para que Aécio ingresse no PMDB, o maior partido da coalizão que o apóia no Governo. E, a jugar pelo resultado do encontro entre Aécio e o deputado Michel Temer (SP), presidente nacional do PMDB, tudo indica que o presidente Lula não terá dificuldade nesta empreitada.
No encontro, realizado em Brasília, nesta terça-feira, Aécio não descartou a possibilidade de trocar de partido e, com certeza, Temer mexeu com o ego do governador mineiro, ao falar da importância que o saudoso Tancredo Neves - avô de Aécio - representa para a história do PMDB e, acima de tudo, para a história do Brasil.
Caberá agora ao PSDB ter a competência administrativa para segurar o jovem Aécio Neves. Se prosseguir com as brigas internas e, sobretudo, se mostrar interesse em escolher outro candidato, como o governador paulista, José Serra, o próprio PSDB dará o empurrãozinho que falta para Aécio ingressar no partido fundado pelo seu avô e, assim, disputar a Presidência com apoio de Lula.
O que o governador Aécio tem que pensar e, com certeza, a sua mineirece o fará refletir é até que ponto todos esses problemas e escândalos petistas poderão manchar a sua vida pública, que ele aprendeu a cultivar justamente com a sabedoria de Tancredo Neves.