As próximas eleições municipais, que serão realizadas em outubro de 2016, deverão marcar um fato histórico na conjuntura político/partidária do Brasil: o Partido dos Trabalhadores esvaziado. Principal protagonista do cenário eleitoral do país nos últimos treze anos, quando elegeu e reelegeu os dois últimos Presidentes da República – Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff – como também diversos governadores, senadores, deputados federais e estaduais, prefeitos e vereadores, já não é novidade pra ninguém que o PT vive, com certeza, a sua pior crise em 35 anos de existência.
Se o partido superou o episódio mensalão, em termos eleitorais, o mesmo não acontece, agora, com as investigações da Operação Lava Jato da Polícia Federal, comandada pelo juiz Sérgio Moro, de Curitiba. Com mais um tesoureiro acusado, indiciado e preso, com ex-deputados, empresários e doleiros indiciados por corrupção envolvendo a Petrobras e o Governo Federal, as próprias lideranças petistas já admitem e temem que o partido terá muitas dificuldades na próxima campanha municipal.
E três motivos reforçam esse temor da cúpula petista: as próprias acusações de corrupção, a possibilidade de a Justiça obrigar a legenda a devolver os valores recebidos como propinas e a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), de que a infidelidade partidária não atinge os sistema eleitoral majoritário (Presidente da República, Senadores, Governadores e Prefeitos). Por decisão unânime dos ministros, o STF decidiu que somente deputados e vereadores perderão seus mandados caso deixem os partidos sem justa causa.
Essa decisão do STF já beneficiou uma das estrelas e fundadoras do Partido dos Trabalhadores, a senadora Marta Suplicy (SP), que deixou a legenda, fazendo severas críticas ao seu ex-partido e ao governo Dilma Rousseff. Na semana passada, o PT chegou a protocolar um documento no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), pedindo o mandato da senadora Marta. A senadora saiu vitoriosa nessa demanda.
Demandada geral?
Agora, o temor do PT é que possa haver também uma demandada de prefeitos do partido, visando as eleições municipais. E um dos fatos que corrobora com esse temor foi o próprio Congresso Nacional da legenda, realizada no último dia 22 de maio, em São Paulo, que registrou cerca de 30% de ausências de lideranças e prefeitos. Ao contrário de anos anteriores, quando o Congresso sempre foi disputadíssimo, justamente, porque era ali o principal fórum do partido para as indicações de prefeitos e vereadores, o esvaziamento deste ano denota que o partido não terá esse peso no próximo pleito.
É bom lembrar que todos os políticos que desejarem trocar de partido para concorrer nas eleições de outubro, terão que fazê-lo até o mês de setembro, ou seja, um ano antes das eleições conforme determina a legislação eleitoral. E no caso de deputados e vereadores, a única saída para não correrem o risco de perder o mandado é se filiar a uma nova legenda.
PSB/PPS
Nesse caso, um dos partidos que poderá abrigar não somente petistas descontentes, mas, também membros de outros partidos, será a nova legenda que surgirá da fusão entre PSB e PPS. Já aprovada pela direção dos dois partidos, essa fusão deverá ser anunciada oficialmente no próximo dia 20 de junho.
Esse novo partido que deverá chamar PSB 40, é o mais certo destino da senadora Marta Suplicy. A senadora paulista já se reuniu com lideranças do PSB, dentre elas, o vice-governador de São Paulo, Márcio França, um dos mais entusiastas com a vinda de Marta Suplicy. Pelo novo partido, Marta Supilcy deverá disputar a Prefeitura de São Paulo em 2016. Ela já recebeu também o apoio de lideranças do PPS para ser a candidata a prefeita de S ão Paulo. E como será uma nova legenda, o partido que surgir da fusão entre PSB e PPS poderá também abrigar candidatos ao Legislativo, assim, como candidatos a prefeito, desde que a filiação se dê um ano antes do pleito.
PROS
No entanto, conforme comentários nos bastidores políticos, a cúpula petista espera não perder candidatos somente para partidos da oposição. Nesse caso, os ex-petistas poderiam migrar para o PROS, um dos mais novos partidos do país, que faz parte da base governista de Dilma Roussef e que já conta com grandes lideranças em seus quadros.
Nascido no Planalto Central, na pequena cidade de Planaltina de Goiás, o PROS (Partido Republicano da Ordem Social), foi fundado no dia 4 de janeiro de 2010 e obteve o registro definitivo pelo TSE em 24 de setembro de 2013.
Mas, apesar desse pequeno tempo de existência, o PROS, que só participou das eleições de 2014, já conta com grandes lideranças, além de ter eleito governadores e representantes para o Congresso Nacional. Ainda em 2014, o PROS fez uma grande festa para receber as filiações dos irmãos Ciro Gomes e Cid Gomes, ex-governadores do Ceará, que saíam do PSB.
Os irmãos Gomes que já foram também ministros dos governos petistas, deixaram o PSB para apoiar a candidatura Dilma Rousseff, após desentendimento como o então governador de Pernambuco e candidato à Presidência da República, Eduardo Campos.
Assim, segundo os comentários mais recentes, candidatos a prefeito pelo PT, inclusive, aqueles que vão disputar a reeleição, para não serem prejudicados na campanha, poderão deixar o PT e ingressar no PROS. O partido poderá ser inflado também por candidatos a vereadores em todas as regiões do Brasil.
Agora, portanto, o negócio é esperar até o final de setembro para ver se todos esses comentários são fatos ou apenas boatos.