quinta-feira, março 29, 2007

CPI do Apagão Aéreo - Governo sofre a 1ª derrota

Nesta quinta-feira, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Celso de Mello concedeu liminar ao mandado de segurança da oposição e derrubou o recurso do PT que mandava arquivar o pedido de instalação da CPI do Apagão Aéreo. Mello disse que a decisão sobre a instalação da CPI dever ser tomada pelo plenário do Supremo, que vai analisar o mérito da questão.
Mesmo não sendo definitiva, a decisão do ministro Celso de Mello foi uma retumbante derrota dos governistas. Não adiantou o Governo tentar passar como um rolo compressor sobre a minoria e, através de manobras regimentais, enterrar o requerimento da CPI. Como escrevemos em nota anterior, a atitude dos líderes governistas, avalizada pelo presidente da Câmara Arlindo Chinaglia (foto), foi um tiro no próprio pé.
Agora, mesmo com a liminar concedida, os governistas insistem em não instalar a CPI. Eles, de maneira insensata, alegam que irão aguardar a decisão final que será tomada pelo plenário do STF. Os governistas estão certos, porém, um pouquinho de inteligência não faz mal a ninguém. Está claro que os demais ministros irão acompanhar o voto de Celso de Melo, pois as CPIs são um direito constitucional da minoria e, estando de acordo com o regimento, a maioria não pode impedir a instalação de uma CPI, como ocorreu nesse caso.
Portanto, bastaria que o presidente Chinaglia instalasse a CPI para que o processo tornasse sem efeito no STF e, assim, o Governo não passaria por mais um vexame, como aconteceu no caso da CPI dos Bingos, de se ver obrigado pela Justiça a instalar uma CPI. Essa manobra dos governistas só serviu para esquentar os ânimos da oposição, que agora não quer apenas investigar as causas do apagão aéreo, mas também as denúncias de irregularidades em obras da Infraero. Pode residir aí o medo da base governista, pois, há informações de que o Brasil esteja novamente diante de novos escândalos envolvendo parlamentares e o próprio Governo.

Aeroportos

Mesmo com essa primeira derrota da base governista, a oposição quer reforçar a instalação da CPI. Além do mandado de segurança, parlamentares de oposição começaram a reunir assinaturas de brasileiros em defesa da investigação. Líderes de partidos da oposição entregaram ao presidente Chinaglia um abaixo-assinado com 20 mil assinaturas em favor da CPI. Outras 20 mil assinaturas já foram colhidas e estão a caminho da Câmara, segundo o líder do PSDB, deputado Antônio Pannunzio (SP).

Além de tucanos, deputados do PPS, PV e PSB realizaram várias manifestações desde a semana passada nos principais aeroportos do país, coletando assinaturas de passageiros para forçar a Câmara a investigar a crise no setor aéreo.

Sai o PFL, entra o "Democratas"

O Partido da Frente Liberal (PFL), que já abrigou grandes lideranças políticas e que ainda abriga políticos experientes como ACM, Marco Maciel, Jorge Bornhausen, José Agripino, Romeu Tuma e outros, já não existe mais. Nesta quarta-feira, em convenção nacional, o partido trocou de nome. Agora, a legenda chama-se Democratas. E o objetivo dos antigos pefelistas é claro: aproximar o partido das classes mais baixas da sociedade. Nas últimas eleições, o PFL foi, dentre os grandes partidos, o que mais perdeu.
Além de ficado menor no Congresso Nacional e nos Estados, o Democratas ainda acabou perdendo deputados que foram "atraídos" pelos partidos governistas. A maioria dos deputados que deixou o antigo PFL foi se abrigar no PRB (Partido da República do Brasil), que resultou da fusão entre o PL e o Prona. O PL que faz parte da base governista foi o principal partido envolvido no escândalo do mensalão.
Agora, cá entre nós! Será que bastará trocar de nome para se aproximar das camadas mais simples? Acho que não. Todos os antigos pefelistas terão também que ser democratas na prática.

quinta-feira, março 22, 2007

Momentos de risos em Osasco

Durante a solenidade de nomeação de mais dois novos secretários municipais, realizada nesta quinta-feira, 22, no Gabinete do Prefeito Emidio de Souza, de Osasco, o que não faltou foi descontração. Diversos momentos com declaração de “fidelidade e juras de amor”, com referências a “deputado sem teto” e a “secretário tampão”, dentre outras, fizeram com que quase toda a platéia sorisse e fizesse comentários a respeito.

Nervosismo
O primeiro momento nem foi de tanta descontração. Ao ser indicado para ser o primeiro a falar, o novo presidente do IPMO, Irineu dos Santos Souza não conseguiu esconder o nervosismo. Esfregando as mãos sem parar, Irineu disse que foi pego de surpresa ao ser indicado para falar antes de todos. “Eu esperava que fosse o último a falar”, disse, esquecendo, com certeza, que pelo cerimonial, quem fala por último é sempre a maior autoridade presente ao evento, no caso, o prefeito Emidio.

Só alegria
Já ao contrário do nervosismo de seu sucessor, o sempre sorridente e fiel escudeiro do prefeito Emidio, Roberto Trapp, era só felicidade. Após agradecer ao amigo e prefeito, Trapp disse que caberá ao Irineu somente dar continuidade à administração de um IPMO totalmente reestruturado.

SAPS mastigada
Em seguida, foi a vez do vice-prefeito Faisal Cury fazer a platéia sorrir. Secretário interino da Promoção Social e já considerado em Osasco, como ele próprio diz, como “um secretário quebra-galho”, Cury disse que foi uma grande experiência para ele essa oportunidade de poder ter tido um contato maior com essa parcela mais carente da população e verificar o que ela recebe da administração municipal, destacando, contudo, que “foi um mandato tampão muito grande”. Para encerrar, Cury disse para o novo secretário: “Trapp, você vai pegar uma secretaria já mastigadinha”. Nesse momento, alguém comentou: “Será que alguma coisa tão mastigada é boa para engolir ou para ser colocada para fora”.

Deputado sem teto
Outro assunto que não passou despercebido foi a notícia de que o deputado eleito pelo PT, Marcos Martins, encontra-se ainda sem gabinete na Assembléia Legislativa. Ao fazer uso da palavra, o presidente da Câmara Muncipal, Osvaldo Verginio, referiu-se a ele de maneira carinhosa, chamando-o de “deputado sem teto”. Nesse momento, este jornalista comentou com um colega, que seria uma boa sugestão fazer uma cabana de amianto para o deputado, uma alusão à luta do Marcos Martins que tem verdadeiro pavor aos produtos derivados do amianto. E parece que houve até transmissão de pensamento na solenidade. No momento que o deputado Marcos Martins também falava sobre a sua falta de gabinete na AL, o prefeito Emidio, sorrindo, o interrompeu com o mesmo pensamento: “Marcos, vamos fazer lá pra você um gabinete de amianto”. Outros já afirmam que se esse gabinete demorar muito, o Rubinho corre o risco de voltar a ser suplente, dado ao grande apego que o Marcos Martins tem pela Câmara de Osasco. “Daqui a pouco, o Marcos volta para a Câmara de Osasco”.

Até que a morte...
Mas, sem dúvida, o momento de maior descontração foi quando o presidente da Câmara, se referiu a uma matéria publicada ontem em jornal impresso e também no site da Câmara, sobre a sua fala no Legislativo, quando ele exigiu insistentemente que o prefeito fizesse mudanças numa determinada Secretaria Muicipal. Após destacar que não tem nada contra ninguém na Administração, Verginio fez um verdadeiro juramento de fidelidade ao prefeito. “Caro prefeito Emidio, quero deixar claro que não serão picuinhas na imprensa ou quaisquer outras coisas que irão impedir o nosso bom relacionaento. Sou homem de palavra e só a morte será capaz de nos separar, prefeito”, enfatizou Verginio.

Juras de amor
E, ao iniciar a sua fala, o prefeito Emidio de Souza emendou: “Quero primeiramente agradecer essa quase jura de amor feita em público pelo ver eador Verginio. Ainda bem que a minha esposa Márcia está presente”, brincou o prefeito.

quarta-feira, março 14, 2007

Ao enterrar CPI, Governo atira no próprio pé

Parece que os petistas e os aliados do Governo Lula não aprenderam mesmo com as CPIs do primeiro mandato, quando Lula e seus aliados tiveram que passar quatro anos se defendendo em CPIs. Agora, com maioria absoluta na Câmara, conseguida sabe-se lá como, principalmente depois que o assessor de um deputado do PR, partido oriundo da fusão entre PL e Prona, foi preso com milhares de reais escondidos, fatos que lembram o famigerado mensalão, o Governo conseguiu enterrar a CPI do Apagão Aéreo.
Com mais de 300 votos, o Governo derrotou a oposição nesta quarta-feira, 21, no plenário da Câmara, fato que já havia ocorrido na Comissão de Constituição e Justiça, que se transformou num verdadeiro ninho de deputados envolvidos com os escândalos do mensalão, sanguessugas, vampiros da saúde e outras coisas mais. Hoje, nessa Comissão, que deveria se pautar pela Justiça e Decência, o que se vê é um bando de deputados que respondem a processos no STF por vários tipos de delitos, mas, que no entanto, não se envergonham em levantar a voz para evitar qualquer tipo de investigação no Legislativo que possa representar perigo para o Governo.
Mas, além de sufocar o direito constitucional da minoria que é o de propor e de instalar CPI, com essa truculência, os governistas na verdade conseguiram é causar um grande mal para o próprio Governo. Antes, a CPI se propunha a investigar apenas os problemas do caos no espaço aéreo brasileiro, cujo momento mais trágico foi o acidente com o avião da Gol que matou 154 pessoas no final de 2006.
Agora, no entanto, diante desse medo do Governo, surgiram várias especulações e a oposição já sabe que esse temor tem duas razões. Além de um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), que aponta irregularidades e superfaturamento em pelo menos oito obras em aeroportos, há também informaões de uma reunião entre autoridades de controle aéreo e os titulares dos Ministérios do Planejamento e da Casa Civil, em 2005, ocasião em que o Governo teria sido alertado sobre os riscos de acidentes, caso não aumentassem os investimentos nesse setor, para a compra de novos equipamentos e a contratação de mais funcionários habilitados. Os ministros teriam dito que o Governo não iria investir mais nessa área.
Portanto, agora a oposição quer investigar tudo e ficará muito difícil para o Governo se, mesmo depois das manobras na Câmara para seputar a CPI, o STF que está julgando um recurso da oposição obrigar a instalação da Comissão Parlamenar de Inquérito, como ocorreu no caso da CPI dos Bingos. Até porque mesmo se o STF não der guarida ao recurso da Câmara, a oposição já informou que vai instalar a CPI no Senado. E aí fica mais difícil para os governistas, já que no Senado o Governo não tem maioria. É o velho ditado popular mais uma vez se prevalecendo: se o Governo temia é porque devia alguma coisa.

O preço do PMDB

Passada a eleição para a presidência do PMDB, com a vitória de Michel Temer (SP), mesmo contra a vontade do presidente Lula, que preferia o ex-presidente do STF, Nelson Jobim (RS), o PMDB começa a cobrar a fatura por fazer parte da base de apoio ao governo. E não é um precinho qualquer. Além de ter sido obrigado a se curvar ao PMDB da Câmara que condicionou esse apoio à vitória de Temer, Lula também não teve outra saída, senão ceder mais dois Ministérios aos peemedebistas.
Agora, são cinco Ministérios comandados pelo PMDB: Comunicações, que tem como titular o senador mineiro Hélio Costa; Minas e Energia, dirigido por Silas Rondeuo, apadrinhado de José Sarney; o comiçado Ministério da Saúde, entregue ao médico José Gomes Temporão, indicado pelo governador do Rio, Sérgio Cabral; Integração Nacional, que foi tirado do PSB e entregue ao deputado baiano Geddel Vieira Lima; e o Ministério da Agricultura, cujo titular será o deputado paranaense Reinold Stephanes, mais um ex-ministro de FHC, acomodado pelo PMDB da Câmara no Governo Lula. Stephanes foi escolhido depois que o seu conterrâneo Odilio Balbinotti, ecolhido por Lula, não aguentou a pressão e teve que desistir de ser ministro depois que veio à tona o seu processo por falsidade idelógica no Supremo Tribunal Federal.
Portanto, não é realmente um preço pequeno que o Governo Lula está pagando para ter o apoio de um PMDB dividido. De um lado, uma ala comandada pelos senadores Renan Calheiros (AL) e José Sarney (MA), que chiaram com o apoio forçado e de última hora do Governo ao nome de Temer, e do outro, o PMDB da Câmara, comandado por um Michel Temer independente e que jamais escondeu seu apoio à campanha do tucano Geraldo Alckmin, e também pelo declarado adversário de Lula, o ex-governador do Rio, Anthony Garotinho. Com certeza, Lula poderá continuar contando com o apoio, mesmo de cara feia de Renan e Sarney, até porque estes dois dependem do Governo para manterem os cargos de seus apadrinhados. O problema é saber até quando o Governo, que criou problemas com outros partidos da base, como PSB, PP e PR e o próprio PT, terá esse apoio do PMDB da Câmara. Alguns acham que é só até o início da campanha para as eleições de 2010, quando essa "união" do PMDB cairá por terra, assim como também a o apoio ao presidente Lula.

quinta-feira, março 08, 2007

Suas Excelências Bush e Beira-Mar




Como bem disse, nesta semana, o senador Cristóvam Buarque (PDT-DF), parece que estamos cada vez mais deixando de viver a realidade para nos ocuparmos de mundo virtual. Se analisarmos as circunstâncias que envolveram a viagem do presidente norte-americano, George W. Bush, ao Brasil, como também a recente transferência do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, vamos notar que os governantes se preocupam muito mais com o que poderá vir acontecer com o presidente Bush ou com o traficante Beira-Mar do que com a realidade de milhões de brasileiros, que continuam vivendo sem nenhuma segurança.
Jamais se viu no país um esquema de segurança tão grande como este que foi montado para guardar a integridade física do presidente George Bush. Mais de 5 mil homens, envolvendo o Exército brasileiro, policiais federais, membros das polícias civil e militar, além de integrantes do FBI (polícia secreta dos Estados Unidos), foram convocados para fazer parte deste verdadeiro aparato de guerra para receber o presidente do país mais rico, mais importante e, quem sabe também, o país mais visado do mundo. E tudo isso para que o homem fique apenas 20 horas em terras brasileiras.
Bush chegou nesta quinta-feira e parou São Paulo. Cá entre nós, uma palhaçada!
Outros presidentes americanos, como também de outros países, já estiveram no Brasil e não foi necessário tudo isso. Esses fatos nos levam a fazer duas reflexões: ou o Brasil está entre os países mais inseguros do mundo, ou Bush, por patrocinar guerras inconseqüentes, corre realmente sério risco de ser morte em qualquer lugar que for. Aqui, no Brasil, além de um almoço com o presidente Lula, quando tratará do problema do álcool combustível – não do outro – constarão também do cardápio de Bush alguns conselhos ao colega brasileiro para que ele não continue dando ouvidos ao presidente da Venezuela Hugo Chávez. Esse prato parece não agradar muito ao presidente Lula e aos petistas de um modo geral, que consideram Chavez um verdadeiro ídolo.

Beira-Mar
O outro fato que nos joga ainda para mais longe da realidade brasileira é o aparato de segurança e os milhões de reais que o Brasil gasta para transferir presos de uma cidade para outra. Desde que foi preso em 2001, o traficante Fernandinho Beira-Mar já foi transferido oito vezes de uma cidade para outra. Algumas para que ele não fugisse ou fosse resgatado de presídios sem segurança, outras, como aconteceu esta semana, simplesmente para que a sua “excelência”, o Beira-Mar, pudesse acompanhar depoimentos de testemunhas em seus processos no Rio de Janeiro.
Beira-Mar está detido juntamente com outro poucos presos, no único presídio federal de segurança máxima, construído neste governo, em Catanduvas (PR). Ele poderia ter acompanhado os depoimentos pelo sistema de videoconferência do próprio presídio, porém, Beira-Mar conseguiu no STF (Supremo Tribunal Federal), o direito de comparecer pessoalmente às sessões.
Segundo informações de especialistas, o Brasil gasta mais de um milhão de reais por mês com essas transferências. Antes de seguir para o Rio de Janeiro, Fernandinho Beira-Mar esteve também no Espírito Santo, onde todo o efetivo da Polícia Federal teve que ser acionado para fazer a segurança dos locais por onde ele passava e se hospedava. Isto, sem falar nas despesas com o avião que o transportou e com as diárias dos policiais. Tudo pago com dinheiro do povo brasileiro.
E mais: Fernandinho Beira-Mar tem o direito de acompanhar não apenas os depoimentos de defesa, mas também os de acusação. No Rio de Janeiro, ele acompanhou os depoimentos de seis testemunhas de acusação – coitadas destas pessoas – e, a pedido do traficante, os depoimentos de defesa foram adiados. Ou seja, daqui a alguns meses, nós teremos que pagar novamente a viagem e a estadia do traficante no Rio para que ele presencie os depoimentos de seus defensores.
Essa, portanto, é realidade brasileira. Enquanto gastamos milhões e milhões com a segurança de um presidente que patrocina guerras, matando milhares de inocentes, e de um traficante que leva milhares de jovens para o caminho das drogas, nossas crianças, como João Hélio, Patrícia, Ives Ota e Priscila continuam morrendo nas mãos de bandidos.

quinta-feira, março 01, 2007

Governo Lula: PIB irrisório e impostos recordes

Como sempre gosta de mencionar em seus discursos que "nenhum outro governo fez tanto pelo Brasil como o seu", ressaltando o Bolsa Família, o presidente Lula (PT) tem agora mais alguns números para discursar. Trata-se do pífio crescimento do PIB brasileiro e da carga tributária record. Enquanto o PIB cresceu apenas 2,9% em 2006, quando ficamos à frente apenas do Haiti, conforme divulgou nesta quarta-feira, 28, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os impostos não param de crescer no governo petista.
Segundo números divulgados pelo IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário), em 2006, a carga tributária atingiu 38,80%, o que representa um crescimento de 0,98% em relação a 2005, quando chegou a 37,82%. É muito lamentável que esteja ocorrendo esse desgoverno em nosso país, num período em que as demais nações emergentes estão crescendo em torno de 7 a 8%, algumas chegando até a 10% de crescimento econômico.
Mas, infelizmente, o Brasil não tira proveito desse momento favorável e, além disso, impõe ao seu povo uma elevadissima carga tributária. O presidente do IBPT, Gilberto Luiz do Amaral, disse que "o excesso de tributação retira poder de compra dos salários ao mesmo tempo em que aumenta o preço final das mercadorias e serviços, retraindo o consumo, afastando investimentos produtivos e dificultando a geração de empregos formais".
E o pior: mesmo com tantos impostos, o povo não tem a contrapartida do poder público. Basta olharmos para o que está acontecendo na área de segurança pública em todas as regiões do país. São crianças sendo arrastadas até a morte e turistas sendo assassinados de maneira cruel, fatos que maculam a imagem do Brasil no exterior. Portanto, além das migalhas do Bolsa Família, que muitos petistas têm até vergonha de mencionar, será que o presidente Lula vai dizer também, por exemplo, que "nenhum outro governo arrecadou tanto e fez tão pouco pelo povo brasileiro"?.

Senhores políticos, não deixem que outros meninos sejam arrastados até a morte

16/02/2007
Estarrecedor, assustador, lamentável, vergonhoso, deprimente, humilhante, vexatório, covarde, triste. Quais os termos que poderíamos continuar usando para tentar qualificar o brutal e cruel assassinato do pequeno João Hélio, de 6 anos, arrastado até a morte por bandidos no Rio de Janeiro? Com certeza, não há expressão humana para explicar atitude tão irracional desses covardes marginais que arrancaram esse menino dos braços de sua mãe e, conseqüentemente, arrancaram também mais um pouco da esperança que os brasileiros tinham em poder viver num país com o mínimo de segurança. Alíás, como manda a Constituição Brasileira, que diz que todos os brasileiros têm direito à educação, saúde, habitação, segurança e lazer. Portanto, tem alguém descumprindo a Constituição Brasileira.
Há alguns anos, escrevi uma opinião neste mesmo jornal afirmando que os maiores culpados pelas mazelas do país são os políticos, como também são responsáveis por tudo de bom que o poder público faz pelo povo. E ainda não mudei de opinião. Após a morte de João Hélio, esperava que o presidente Lula, ou alguma outra autoridade brasileira, fosse à televisão e, em rede nacional, pedir desculpa ao povo e também dar satisfação sobre esta onda infernal de violência. Mas, ninguém apareceu. Depois, já em Salvador, durante reunião de cúpula do PT, o presidente disse que "estava indignado e que o povo precisaria rever seus valores".
O presidente está certo e não tiramos dele o direito de se indignar com um crime desses. Porém, dos políticos e governantes, o povo espera muito mais do que um discurso indignado. O povo precisa de quem governe, administre e, no mínimo, cumpra a Constituição.
Nos dias seguintes ao crime, todos os políticos brasileiros, principalmente, do Congresso Nacional, externaram suas opiniões. E, como sempre acontece nessas ocasiões, todos apresentam soluções mágicas, como a redução da maioridade penal, a instituição da pena de morte ou de prisão perpétua, como também aqueles que afirmam que nenhuma medida ou lei pode ser votada sob a emoção de um crime, ou sob a pressão popular. Para esses, como o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, o presidente do Senado, Renan Calheiros, e a presidente do Supremo Tribunal Federal, Elen Grace, lembramos que, se for assim, nada será feito, porque todos os dias os brasileiros estão sendo surpreendidos com crimes cada vez mais violentos.
O que precisamos também é de políticos, governantes e pessoas responsáveis pela aplicação da lei que sejam responsáveis e pensem de verdade no povo brasileiro. Há muitos anos, já ouvi alguém dizer que se as autoridades brasileiras não tomassem providências urgentes, o Brasil poderia se transformar numa Colômbia gigante. O tempo passou, as autoridades não fizeram nada e nem perceberam que já estamos muito piores do que a Colômbia, pois, se aqui não são as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), que comandam o tráfico, é o crime organizado que tomou conta do país.
Sei que é difícil para um filho de uma grande autoridade ter a mesma falta de sorte do pequeno João Hélio, uma vez que se esse filhos saem de carro, estão sempre acompanhados de seguranças fortemente armados. Mas, a violência chegou a tal ponto que nem mesmo as altas autoridades estão livres das emboscadas. A própria presidente do STF teve muita sorte recentemente, quando saiu ilesa de um assalto na Linha Vermelha, no Rio de Janeiro. Será que as autoridades teriam a mesma opinião se a ministra Elen Grace tivesse sido morta naquele assalto? Graças a Deus que isso não aconteceu.
Durante esta semana ouvi diversos discursos contra e a favor da pena de morte, da prisão perpétua e da redução da maioridade penal. Mas, pouca coisa ou nada ouvi falar sobre o direito que João Hélio tinha de continuar vivendo feliz com a sua família. Inclusive, ouvi a opinião do governador do Rio, Sérgio Cabral, que sugere penas diferentes para cada Estado brasileiro. Não concordo com isso, pois, quando o Rio de Janeiro tiver uma legislação mais rigorosa com os criminosos, é claro, que os bandidos irão barbarizar os Estados com legislação mais branda. Justamente, o que eles fazem hoje em todo o Brasil, porque, infelizmente, apesar de tantas leis, o criminoso tem certeza da impunidade.
Ouvimos também opiniões a respeito da responsabilidade da sociedade. Temos ciência de que toda a sociedade, incluindo os administradores públicos, juízes, empresários e o povo em geral, é responsável pelo que ela produz. E, infelizmente, um desses produtos é o marginal.
Mas, quem é o maior culpado? A sociedade já faz a sua principal parte que é gerar emprego, trabalhar e pagar uma alta taxa de impostos, que são usados para pagar o salário de todos os governantes e funcionários públicos para que eles administrem o país, os estados e as nossas cidades. Talvez o maior erro da sociedade é ainda não saber escolher os seus representantes. Escolhem mal e, o pior: não sabem tirá-los do poder.
Poucos dias antes do assassinato de João Hélio, o que ouvi muito foi uma discussão entre membros do Judiciário e deputados sobre quem ganhava menos e quem teria o direito de ganhar mais. Um ministro disse que trocaria o seu salário de R$ 24 mil pelo de um deputado federal. Foi o suficiente para que os deputados abrissem fogo contra o ministro do STF. E veja que toda essa briga ocorre num país onde o trabalhador ganha um mísero salário mínimo de R$ 380,00.
Portanto, senhores políticos, contamos com o trabalho de vocês, principalmente com os senhores que acabam de tomar posse com a responsabilidade de resgatar a dignidade da classe política brasileira. Antes de brigar por salário e legislar em causa própria, lembrem-se de fazer algo para evitar que outros meninos sejam arrastados até a morte. E não pensem que isso só ocorre no Rio de Janeiro.
Caro leitor, se você concorda ou não com esta opinião e deseja opinar, deixe aí em baixo o seu comentário. Ele é muito importante, sobretudo, diante deste triste e obscuro momento por que passa a sociedade brasileira. Esta opinião foi publicada também no jornal Correio Paulista (www.correiopaulista.com).

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