Até agora, parece que a única diferença é no tratamento dado pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, aos dois casos: ao mensalão nacional que, como ficou provado, arrecadou dinheiro para o PT e para a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), -
foto, à esquerda - e o mensalão mineiro, que arrecadou dinheiro para o PSDB de Minas e para a campanha do então governador e atual senador Eduardo Azeredo (PSDB).
Esse tratamento diferenciado não é bom para a imagem do procurador-geral, um homem que até agora vem prestando um excelente trabalho à nação. No caso do mensalão do PT, todos lembram que, enquanto a Câmara dos Deputados fazia uma pizza atrás da outra, inclusive, até com direito a dança da ex-deputada Ângela Guadagnin(PT-SP), o procurador fez um trablaho exemplar. Denunciou 40 pessoas entre ministros, deputados, assessores e empresários. Todos foram processados pelo Supremo Tribunal Federal e agora respondem a processo penal.
No entanto, o procurador-geral da República, apesar de ter afirmado em sua denúncia que "o mensalão nacional se constituia numa quadrilha chefiada pelo ex-ministro José Dirceu (PT-SP)" e que o objetivo dessa quadrilha era conseguir recursos para um projeto de poder do PT, ele não via nenhuma ligação do presidente Lula com toda essa maracutaia.
Ora, se era uma quadrilha, se o seu objetivo era arrecadar fundos para um projeto de poder do PT, o maior beneficiário do esquema só poderia ser o presidente Lula. Isso, sem falar que o próprio Lula, na tentativa de minimizar o crime dos seus "aloprados", afirmou que o "que eles fizeram não foi nada de mensalão e, sim, caixa dois, como todos os outros partidos faziam". Em minha opinião, isso é uma confissão de crime, pois, eu sempre soube que caixa dois é crime. Então... Mas, o procurador-geral da República não entendeu assim e o presidente não foi denunciado.
Muito bem. Só que agora, no caso do mensalão mineiro, o chamado mensalão dos tucanos, que ocorreu em Minas Gerais para beneficiar o então governador, Eduardo Azeredo, o procurador-geral vê diferente. Para ele, as operações fraudulentas do empresário Marcos Valério, o mesmo que atuou no mensalão do PT e cujo intermediário era o ex-ministro Walfrido dos Mares Guia, eram todas de conhecimento do governador tucano. Tanto é que o procurador denunciou Eduardo Azeredo ao STF juntamente com mais duas dezenas de pessoas envolvidas no valeriotudo tucano.
Entendo que tudo que se passa numa campanha política tem que ser de conhecimento do chefe maior dessa campanha. Portanto, concordo com o procurador quando ele afirma que o senador Eduardo Azeredo sabia dos fatos e era beneficiado por eles. Mas, por que então o Lula não sabia do mensalão petista? Seria uma questão de competência dos chefes? O tucano sabe de tudo e o petista não sabe de nada do que se passa em seu governo?
Qual a diferena, portanto, entre Lula e Azeredo nesses dois casos de mensalão? Acho que uma boa pessoa para responder a essas perguntas seria o carequinha de Belo Horizonte, o Marcos Valério. Esse sabe de muita coisa e na hora que resolver abrir o bico, muita gente vai rolar...e como vai.