O fato ocorreu no dia 24 de novembro, mas, continua agitando os meios políticos e policiais do Brasil. Também não é pra menos. Naquele dia, a Polícia Federal apreendeu numa fazendo do Espírito Santo um helicóptero com 445 quilos de cocaína pura. Só que para surpresa geral, quem estava na aeronave com quase meia tonelada da droga não eram traficantes já conhecidos da polícia e, sim, um assessor de um deputado estadual de Minas Gerais. Logo após o flagrante, a Polícia Federal descobriu que o helicóptero pertence à família do senador Zezé Perrella (PDT-MG)– foto do alto - e era pilotado por Rogério Almeida Antunes, funcionário da Assembleia Legislativa de Mina e assessor do deputado estadual Gustavo Perrella (segunda foto em destaque) filho do Zezé Perrela. O senador é também ligado a esporte. Ele é ex-presidente do Cruzeiro de Belo Horizonte, campeão nacional de 2013.
Agora, além das investigações que estão sendo feitas pela Polícia Federal e de todas as iniciativas tomadas tanto na Assembleia Mineia, como também no Congresso Nacional, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) também vai investigar a situação do helicóptero apreendido com essa montanha de droga. E, conforme a legislação brasileira, a aeronave, modelo Robinson 66 e avaliada em R$ 3 milhões, poderá ser leiloada.
A lei 11.343/06 determina que bens apreendidos em ações de traficantes poderão ser leiloados e o valor deve ser revertido para tratamento de dependentes químicos e na repressão destes crimes. No entanto, será o juíz, que cuida da denúncia, que vai determinar o leilão ou não. Porém, o proprietário ainda poderá tentar reaver o bem, entrando com recurso no Tribunal de Justiça e no Superior Tribunal de Justiça. Após o trânsito em julgado do processo, quando não há mais possibilidade de recurso, a aeronave é entregue à Receita Federal. Todo esse procedimento deve ser concluído ainda neste mês de dezembro.
Em Minas, os deputados querem saber se o helicóptero com a coca foi abastecido com dinheiro público, já que o deputado Gustavo Perrella recebe verba de combustível e, normalmente, abastecia a aeronave da família com esses recursos públicos. No Senado, Zezé Perrella fez discurso emocionado, disse que a sua família não tem nada a ver com esse crime e chegou a aconselhar o filho a abandonar a política depois desse caso.
Em depoimento na Polícia Federal, o piloto Rogério Almeida Antunes disse que foi contratado para transportar a droga pelo co-piloto da areonave, Alexandre José de Oliveira Junior, também preso. Segundo a PF, Alexandre é proprietário de uma escola de pilotos, com sede no Campo de Marte, em são Paulo. Há informações também de ele usava suas aeronaves no transporte de drogas do narcotráfico. Alexandre disse ainda que a cocaína pertence a uma pessoa chamada Harley, mas que não tem informação sobre a identificação ou localização dele.
No campo político, o caso estremeceu relações partidárias. O senador Zezé Perrela é do PDT, pertence a um partido da base governista da presidente Dilma Rousseff (PT), mas, como é notório sempre teve relações estreitas com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), ex-governador e pré-candidato à Presidência da República. Seu filho Gustavo é do partido Solidariedade, fundado pelo deputado Federal Paulinho da Força, e pertence à base de apoio do governador Antonio Anastasia (PSDB-MG). Na semana passada, o deputado Federal Fernando Francischini, líder do Solidariedade na Casa, pediu o afastamento de Perrela do partido, alegando que ele causou constrangimento à legenda.
Rota
Conforme o depoimento do piloto Alexandre à PF, o plano de voo não foi registrado, mas ele deu detalhes da rota. Segundo Rogério Antunes, o helicóptero saiu com a carga de uma cidade próxima a Avaré, em São Paulo. Fez uma escala para abastecer no Campo de Marte, na capital paulista.
De lá, foi para a cidade mineira de Divinópolis, na mesma região onde fica a sede da empresa Limeira Agropecuária, da família de Gustavo Perrella. E seguiu para a fazenda em Afonso Cláudio, no Espírito Santo, onde acabou descoberto pela polícia.
Na sexta-feira passada, a Agência Nacional de Aviação Civil informou que iniciou um processo adminsitrativo para investigar o uso ilegal da aeronave. Segundo a Anac, o helicóptero só tinha autorização para voos particulares e não podia ser fretado.
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