Estamos ainda a mais de 9 meses das eleições de outubro, mas, a campanha presidencial de 2014 não poderia ter começado mais quente neste início de de ano, com o verão registrando também temperaturas acima de 38 graus em todo o país. E tudo começou na terça-feira, dia 7, com um texto apócrifo (sem assinatura) veiculado na página do Facebook do PT. Sob o título "A balada de Eduardo Campos", os petitas acusam e criticam o governador de Pernambuco e pré-candidato à Presidência da República pelo PSB.
Dentre outras críticas, os petistas chamam Eduardo Campos de "tolo" e de "playboy mimado". E não poupam também a ex-senadora Marina Silva, que ingressou no PSB depois que a Justiça Eleitoral negou o registro de seu partido, a Rede Sustentabilidade. Marina é chamada no texto petista de "vaidosa", "praticante adesismo puro e simples" e de "ovo de serpente".
Em outra parte, o texto diz sobre Campos: "Beneficiário singular da boa vontade dos governos do PT, de quem se colocou, desde o governo Lula, como aliado preferencial, Campos transformou sua perspectiva de poder em desespero eleitoral, no fim do ano passado. Estimulado pelos cães de guarda da mídia, decidiu que era hora de se apresentar como candidato a presidente da República – sem projeto, sem conteúdo e, agora se sabe, sem compostura política".
E continua: "Campos poderia ser grato a tudo isso e, mais à frente, com maturidade e honestidade política, tornar-se o sucessor de um projeto político voltado para o coletivo, e não para o próprio umbigo." "Ao descartar a aliança com o PT e vender a alma à oposição em troca de uma probabilidade distante – a de ser presidente da República –, Campos rifou não apenas sua credibilidade política, mas se mostrou, antes de tudo, um tolo", diz texto petista.
PSB rebate à altura
Eduardo Campos, que rompeu com o governo Dilma Rousseff em setembro de 2013, disse, em princípio, que não iria responder aos "ataques petistas". Mas, na quarta-feira,também em sua página do Facebook, classificou o texto de "ataque covarde" e afirmou: "A essa altura do dia, a maior parte de vocês deve ter tido conhecimento do ataque covarde desferido contra mim", disse o governador. "O resto a gente ignora. Porque, enquanto os cães ladram, a nossa caravana passa", esbravejou Campos.
O caso repercutiu também na bancada socialista do Congresso. Na quarta-feira, dia 8, uma nota assinada pelo deputado Beto Albuquerque, líder do partido, o PSB afirma, entre coisas:
- Fica evidente o desespero da direção do Partido dos Trabalhadores frente à discussão democrática do PSB em ter candidato próprio à Presidência da República em 2014. Tal desespero só demonstra a força das ideias e do debate que o PSB está propondo, sendo a real alternativa para que o Brasil avance nas mudanças que o povo brasileiro clama e precisa;
- É impossível negar os avanços que o Governo de Pernambuco obteve nos últimos sete anos, sob o comando do presidente nacional do PSB, Eduardo Campos. Alegar que o sucesso do Governo de Pernambuco deveu-se a ajuda federal é no mínimo ingênuo, pois tal ajuda se fez presente a todos os Estados, inclusive aqueles dirigidos pelo PT, que não tiveram a mesma capacidade de formulação de projetos, planejamento e execução que o Governador Eduardo Campos, o mais bem avaliado e aprovado do país, reeleito com a maior votação da história do seu Estado.
- Além do ataque covarde e despolitizado ao Governador Eduardo Campos, a nota ainda usa termos chulos para tratar a ex-senadora Marina Silva, líder da Rede Sustentabilidade e filiada do PSB, uma ativista reconhecida internacionalmente pela sua defesa do desenvolvimento sustentável e figura de postura ímpar na política brasileira.
- Por fim, o PSB clama à sociedade brasileira que rechace a forma desrespeitosa, patética e desqualificada com a qual o Partido dos Trabalhadores está tentando conduzir o debate pré-eleitoral de 2014. O Brasil merece respeito.
Aécio defende Campos
E para não perder o bonde da campanha e nem deixar que a mesma fique polarizada entre PT e PSB, o senador Aécio Neves (PSDB), também usou o Facebook para se solidarizar com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), com a ex-senadora Marina Silva, e também para criticar o texto petista. Após considerar os ataques do PT como uma demonstração da "intolerância do PT" em relação aos seus opositores, Aécio disse:
"Agora na oposição, o governador de Pernambuco e a líder do Rede-Sustentabilidade experimentam a face covarde e autoritária do ativismo petista, da qual outros líderes das oposições têm sido vítimas contumazes, nas redes sociais: ataques organizados, quase sempre encobertos pelo anonimato de uma suposta militância dedicada a destruir reputações, e que atua como um exército especializado em tentar transformar mentira em verdade e calúnia em informação".
PT desconversa
Enquanto isso, a direção do Partido dos Trabalhadores afirma que o PT não tem nada a ver com o texto que, no entanto, continua na página do Facebook e que, até ontem, já contava com mais de 2.100 compartilhamentos. Isso mostra a força da Internet nas campanhas eleitorais e que o texto, apesar de não ser assinado por ninguém, agradou em cheio a militância petista. Além dos milhares de compartilhamentos, os militantes petistas aproveitam para postar comentários contra o governador de Pernambuco e ex-aliado do PT.
Por esses ataques entre os concorrentes ainda longe das eleições, podemos até imaginar de como será o clima desta campanha, que não será uma campanha polarizada entre petistas e tucanos, como tem acontecido nas últimas eleições presidenciais. Além da Marina Silva, que deverá mesmo ser a vice de Eduardo Campos, a campanha terá nomes fortíssimos como a própria Dilma Rousseff , com o apoio do ex-presidente Lula; do Aécio Neves, que vem com a força dos dois maiores colégios eleitorais do país - SP e Minas - e também do Eduardo Campos, que vem fortalecido pela campanha do PSB há quatro anos. Além disso, Campos é um governador do Nordeste, região onde o PT sempre obteve a maioria absoluta de votos.
H0je, as redes sociais funcionam como um termômetro das campanhas eleitorais e tudo indica, por esses ataques iniciais, que o clima quente da campanha virtual poderá também contaminar os militantes de todos os partidos, quando a campanha fora para as ruas. Até porque mesmo que as lideranças não assumam a autoria de textos críticos como este do PT, a sua veiculação acaba influenciando e inflamando a militância. O clima esquentou de vez, vamos ver, agora, o quanto ainda vão colocar de lenha nessa fogueira até outubro.
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