Atuando como chefe maior do PT, Lula acomoda Emidio de Souza na presidência estadual do PT e o afasta da disputa ao governo do estado, tornando as eleições de 2014 menos traumáticas dentro do partido.
Não é novidade pra ninguém que houve um grande racha no PT de Osasco, com uma divisão clara entre os grupos do ex-prefeito Emidio de Souza
(à esquerda) e do deputado Federal João Paulo Cunha no processo eleitoral que elegeu o prefeito Jorge Lapas. Ao perceber que esse racha poderia crescer e atrapalhar os planos do partido para as eleições 2014, tanto para a eleição ao governo do estado e, principalmente, para a reeleição da Dilma Rousseff, Lula entrou em campo e impôs o seu jeito de resolver os problemas internos do partido, ou seja, enquadrou os rebeldes e todos obedeceram a ordens do ex-presidente. E não é novidade também que esse é o jeito antigo do Lula mandar no PT, desde os tempos da expulsão da ex-senadora Heloisa Helena e depois de outros ex-petistas, como os deputados Federais Ivan Valente e Chico Alencar, para citar os mais conhecidos.
O racha verificado em Osasco já estava se configurando também no processo de eleição interna do PT, quando os filiados escolhem o presidente estadual do partido, cargo disputado pelo ex-prefeito Emidio de Souza. Porém, mesmo sendo aliados antigos, desde a fundação do PT, Emidio e João Paulo não estavam do mesmo lado. O deputado chegou a declarar apoio oficial ao outro candidato, o deputado Federal Vicente Cândido, inclusive, participando de plenárias em apoio ao rival do Emidio. Antes da enquadrada do Lula, integrantes do grupo de João Paulo chegaram a afirmar a este jornalista que o Emidio já sairia derrotado de Osasco.
Aí, então, antevendo o prejuízo que essa disputa poderia causar no futuro, Lula começou a agir e, com a sua habilidade, força, carisma e também "democracia", o comandante mor do PT acabou resolvendo dois problemas com uma tacada só. Como há tempos, o Emidio já almejava ser o candidato do partido à sucessão estadual e vinha trabalhando desde o seu segundo mandato nesse sentido, Lula converou com as lideranças petistas e fez com que Vicente Cândido retirasse a sua candidatura. Assim, hoje, Emidio continua sua peregrinação pelo estado, mas, já como candidato único do partido e abençoado pelo Lula. E, claro, agora, ele já fala que não é mais candidato ao governo e que o seu papel, além de reforçar a legenda, é também de trabalhar para que o PT eleja o seu primeiro governador paulista.
Só que o discurso otimista do Emidio terá que passar novamente pelo crivo do Lula, que não esconde pra ninuguém que o seu desejo maior é o de reeleger a presidente Dilma e que se for necessário, o PT deveria abrir mão de colégios eleitoriais importantes como São Paulo para apoiar o candidato de partidos aliados, no caso, o PMDB, para não dificular a eleição presidencial. Se vencer a tese de candidatura própria, os nomes petistas mais cotados até o momento são os dos ministros Alexandre Padilha (Saúde) e Aloisio Mercadante (Justiça), com maiores chances para o Padilha que tem a preferência do ex-presidente Lula. Mas, há também comentários que o candidato poderia ser o Guido Mantega (Planejamento) ou até mesmo o prefeito de São José dos Campos, Luiz Marinho, afilhado político do Lula.
Sobre o remendo que o Lula fez no PT de São Paulo, evitando prejuízos maiores, até mesmo alguns petistas temem que ele não conseguirá curar as feridas deixadas pelo racha de Osasco. Conversando com alguns petistas, fica claro que membros do grupo de João Paulo não estão satisfeitos e consideram uma "traição" a atitude do Emidio no processo eleitoral de 2012 teria abandonado João Paulo. Outros temem que mesmo com a atuação do Lula e a aparente normalidade, após a saída de Vicente Cândido, o PT de Osasco sofra do mesmo mal que o PT de Jandira sofre até hoje com o racha que houve por lá. É como diz o ditado popular: vaso quebrado, mesmo colado, será sempre um vaso quebrado.
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