Já faz tempo que as rodovias brasileiras encontram-se em total estado de abandono e causando sério risco à integridade física de quem teima por elas transitar. Esse abandono, sobretudo, das estradas federais é, inclusive, um contra-senso das autoridades governamenais, uma vez que o transporte de nossas enocomias é feito pelo sistema rodoviário.
Como disse no início, esse abandono já faz tempo, mas, sem dúvida, nos últimos dois ou três anos, as estradas ficaram simplesmente intransitáveis. Para quem mora em São Paulo e não viaja muito, a TV se encarrega de mostrar as imagens dos buracos, dos acidentes e de pessoas que perdem a vida por causa da irresponsabilidade e incompetência de quem deveria usar o dinheiro que existe não apenas para tapar buracos, mas sim, para reconstruir as rodovias federais. Já nas mais próximas, que ficam em estados como Rio de Janeiro ou Minas Gerais, a gente chega a ter o desprazer e até correr o risco de vê-las
in loco.No mês de julho de 2005, fui com a minha mulher e meus dois filhos para Minas Gerais. Para chegar à região de Juiz de Fora e a cidades como Cataguases, Ubá, Miraí e Guiricema, sempre fiz o trajeto pela Via Dutra, passando por Volta Redonda, de onde saio para ingressar na Rio-Bahia, indo até a cidade de Leopoldina.
No primeiro semestre, já tinha ouvido muitos parlamentares, até mesmo da base governista, como o senador Hélio Costa (PMDB-MG), reclamarem e pedirem solução urgente do Governo Federal. Mas, não esperava que a situação tivesse tão complicada.
Por volta das 20 horas, parei em um posto, ainda no estado do Rio de Janeiro, quando um motorista avisou-me de que os 20 quilômeros depois de Além Paraíba estavam intransitáveis. Mesmo assim, resolvi seguir viagem e pude verificar o quanto o povo brasileiro é desprezado pelo governo federal.
Já no final do ano, fiquei surpreso com a notícia de que o Governo Lula resolveu investir na recuperação das estradas, a partir de janeiro. Só que, como revelou o ministro dos transportes, só serão realizadas obras de recapeamento e, mesmo assim, o dinheiro disponibilizado não será suficiente para todas as estradas. Enquanto isso, as chuvas continuam destruindo o que resta de estradas federais.
Fiquei mais surpreso ainda, porque essa decisão "urgente" do Governo Federal, já que será por Medida Provisória, sai com atraso de pelo menos três anos, e depois que o próprio Govermo - pasmem - proibiu que a governadora do Rio, Rosinha Garotinho (PMDB) realizasse obras de tapa buracos na rodovia BR 101. A justificativa dos fiscais federais foi de que as obras não poderiam ser realizadas pelo governo do Estado, porque se tratava de uma rodovia federal.
Trata-se, portanto, da mais clara e burra briga eleitoreira. O fato mostra que o Governo Lula, do PT, que não realizou as obras de sua responsabilidade, não quer deixar que a governadora fluminense, mulher de Anthony Garotinho, adversário do PT e pré-candidato do PMDB à presidência da República, obtenha os dividendos de obras simples, porém, essenciais para o povo brasileiro.
Esse fato me fez recordar de um amigo que certa vez disse que gostaria que no Brasil tivessem eleições todos os anos. Como sempre fui contra à essas caríssimas eleições de dois em dois anos, quis saber as razões do amigo em sugerir eleições anuais. E até que concordei com as suas justificativas. Para ele, tanto prefeitos, como governadores e o Governo da União só lembram dos eleitores em épocas eleitorais. "No ano de eleição, a gente recebe asfalto, energia, saneamento básico, novas escolas e muitas outras obras. Então, se tivéssemos eleições todos os anos, essas obras e a sua manutenção seriam realizadas constantemente".
O meu amigo tem razão em seu ponto de vista e, mais uma vez, estamos verificando essa prática com o Governo Lula. Só que, enquanto os eleitores estão mais bem informados e politizados, os nossos políticos continuam com essa política retrógada. Assim, nossos ilustres representantes correm um sério risco nas eleições de 2006. Os buracos de hoje em nossas estradas podem se transformar em veradeiras crateras eleitorais, onde veremos sorretados muitos desses políticos que pararam no tempo.
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