Além do discurso de união e até de certa humildade que os candidatos eleitos da região Oeste da Grande São Paulo demonstraram em entrevistas coletivas pós-eleição, há também uma outra leitura a ser feita sobre o resultado das urnas: quem realmente saiu fortalecido dessas eleições e quais os políticos que podem ser considerados como lideranças políticas da região? É claro que os correlegionários de cada partido fazem as suas análises e afirmam que os seus candidatos eleitos ou os apoiadores destes são essas novas lideranças.
Ao contrário, porém, dos correligionários que puxam a brasa para a sua sardinha, este jornalista tentará mostrar apenas os números e as circunstâncias das eleições, deixando a análise para o leitor deste blog. Sem dúvida, há nomes que mostraram ter ainda muito cacife eleitoral e outros que conservaram e até aumentaram essa liderança, credenciando-se, assim, a pleitear até vôos mais altos na política. Acompanhe, portanto, o contexto das eleições e os votos e tire as suas conclusões:
João Paulo Cunha (PT), reeleito deputado federal - Acusado de ter se beneficiado do valerioduto e depois absolvido pelo plenário da Câmara, João Paulo acusa a grande imprensa que, segundo ele, só publicou matérias que denegriram a sua imagem. Mesmo assim, o deputado foi reeleito com mais
177 mil votos. Em Osasco, seu reduto eleitoral, João Paulo não sofreu a mesma "perseguição" da imprensa local, porém, teve menos votos em relação a 2002. Dos
177.056 votos que conseguiu, apenas
49.092 foram de Osasco. João Paulo, portanto, mostrou que continua sendo um nome forte dentro do PT, mas a sua imagem foi melhor avaliada pelos eleitores de outras regiões do Estado. Agradecido pelo reconhecimento popular, mas ainda abalado com o caso mensalão, João Paulo afirma que não tem planos para os próximos anos a não ser cumprir o mandato.
Celso Giglio (PSDB), eleito deputado estadual - Ex-prefeito por dois mandatos e ex-deputado federal, o médico Celso Giglio foi o deputado estadual mais bem votado de Osasco, onde obteve
77.134 votos. No total, Giglio foi eleito com
111.302 votos. Para os seus adversários, na condição de ex-prefeito recem saído da prefeitura, Giglio "teve poucos votos". A análise do tucano, porém, é outra. Giglio lembra que em sua última eleição, elegeu 16 vereadores, que sempre pertenceram ao seu grupo político, alguns ocupando até cargo de secretários municipais. Hoje, dos 16 vereadores ex-giglistas, 13 apóiam a atual administração petista de Emidio de Souza. Muitos sairam candidatos e, segundo Celso Giglio, apenas para atrapalhar a sua candidatura. Para os correligionários de Giglio, fica claro que da somatória dos votos conseguidos pelos seus ex-companheiros, a maioria absoluta teria ido para o tucano. Como deputado estadual mais bem votado de Osasco, Giglio já desponta com um dos mais fortes candidatos para voltar à Prefeitura em 2008.
Francisco Rossi (PMDB), eleito deputado federal - Há 14 anos fora da vida pública, o ex-prefeito da cidade e também ex-deputado federal em duas legislaturas, Francisco Rossi foi eleito com
106.272 votos. Na cidade de Osasco, Rossi foi o deputado federal mais bem votado com
66.824 votos. Durante a campanha eleitoral, Rossi despertava dois tipos de expectativas na cidade: havia aqueles que acreditavam numa grande votação - em torno de 200 mil votos - em virtude do seu nome forte na região, e os que chegavam até a afirmar que "o Rossi está morto para a política e ninguém mais lembra de seu nome". Porém, o resultado das urnas mostrou que o seu slogan de campanha: "Ele voltou" estava certo. E parece queRossi voltou para mostrar que ainda está muito vivo. Com esses 106 mil votos, Rossi não descarta uma possível candidatura para prefeito da cidade em 2008, afirmando, porém, que isso vai depender de pesquisas e da vontade dos osasquenses.
Gil Arantes e Silvinho Peccioli (PFL), eleitos, respectivamente, deputado estadual e federal - Gil, ex-prefeito de Barueri, foi o deputado estadual mais bem votado da região Oeste, com
149.642 mil votos. Foi prefeito duas vezes da cidade e com esses votos chega com bastante força à Assembléia Legislativa. Para 2008, seu candidato à reeleição é Rubens Furlan, seu principal incentivador e apoiador nestas eleições. Já Silvinho Peccioli, ex-prefeito de Santana de Parnaíba, também por dois mandatos, foi eleito deputado federal com
133.033 votos, o segundo mais bem votado da região e o terceiro do PFL no Estado. Com essa votação mostrou que tem cacife para novamente ser candidato à prefeitura de Santana de Parnaíba, possibilidade que ele não descarta.
Fernando Fuad Chucre (PSDB), eleito deputado federal - Filho de uma grande liderança política da região, Fuad Chucre, prefeito de Carapicuiba, Fernando aumentou sua votação de 2002 e agora foi eleito com
111.048 votos. Impedido pela legislação eleitoral, Fernando Chucre, formado em arquetetura, não pode se candidatar à vaga que seu pai deixará em 2008. Independentemente desse impedimento, Fernando disse que apoiará a decisão de Fuad Chucre. Para o deputado, foi graças à liderança e ao carisma de Fuad que ele recebeu essa grande votação para ser um dos representantes da região no Congresso Nacional.
João Caramez (PSDB), reeleito deputado estadual - Ex-prefeito de Itapevi, João Caramez foi reeleito para o seu terceiro mandato de deputado estadual com
84.560 votos. Continua sendo ainda um dos nomes mais fortes da cidade, mas perdeu alguns votos nestas eleições. Reeleito, porém, Caramez reúne forças para tentar reconquistar o poder municipal em Itapevi, onde já foi prefeito por dois mandatos e elegeu sua mulher, Dalvani Caramez, em 2000. Em 2004, no entanto, Dalvani foi derrotada pela atual prefeita, Ruth Banholzer (PPS). João Caramez não esconde de ninguém que será candidato em 2008.
Rubens Furlan e Emidio de Souza, respectivamente, prefeitos de Barueri e Osasco - Chefes dos Executivos das duas mais importantes cidades da região, Furlan e Emidio foram fundamentais para a eleição de seus candidatos. Para os petistas mais afoitos, "Emidio já pode se candidatar ao Senado ou até mesmo ao Governo do Estado", pois, conseguiu eleger um deputado federal e um estadual, fato que não ocorria em Osasco desde 1990. Há de se destacar, no entanto, que em números absolutos os seus candidatos não foram assim tão bem votados. O federal João Paulo Cunha, apesar de ter sido reeleito com
177 mil votos, em Osasco, obteve apenas
49.092 votos, o que, convenhamos, é um número pequeno para quem já foi presidente da Câmara dos Deputados. João Paulo teve teve 16 mil votos a menos que Francisco Rossi que obteve
66.824 em Osasco. Já o estadual Marcos Martins, com apoio da máquina administrativa, obteve
42.162 votos em Osasco, enquanto o primeiro colocado, Celso Giglio teve
77.134 votos. E se os petistas de Osasco elegem Emidio como a mais nova e promissora liderança política da região, a maioria dos baruerienses afirma que o prefeito Rubens Furlan "consolidou sua liderança elegendo Gil Arantes e Silvinho Peccioli". E pelos números, Furlan leva vantagem. Gil foi eleito com
149.642 votos, sendo o primeiro em Barueri com
60,323 votos, enquanto o segundo colocado teve apenas 9.629, Enquanto isso Silvinho Peccioli foi eleito federal com
133.033, sendo também o primeiro em Barueri com
43.107 votos. O segundo ficou apenas com 7.438 votos.
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